Francisco Seixas da Costa disse à Lusa estar
preocupado com o possível envolvimento de cidadãos portugueses no esquema de exploração de jogos ilegais no Brasil, desvendado pela Polícia Federal brasileira. Um dos investigados pela PF é Licínio Soares Bastos que, segundo o embaixador, havia sido indicado, no ano passado, para cônsul honorário de Portugal em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. A de Licínio Bastos não chegou a ser formalizada junto ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, pelo que, tecnicamente, não exercia as funções de cônsul honorário.
E assim se descobre a primeira vantagem do consulado virtual cujos crimes ou ilícitos apenas poderão ser informáticos.
A história
Os portugueses Licínio Soares Bastos e Laurentino Freire dos Santos foram presos na semana passada no âmbito de investigações da conexão com Portugal de uma organização criminosa detida durante a chamada Operação Hurricane (furacão), que desmantelou há onze dias um esquema de exploração de jogos ilegais. Laurentino dos Santos e Licínio Bastos seriam sócios numa casa de jogos no Rio de Janeiro e são suspeitos de colocar empresas legais do setor de hotelaria e turismo para lavar milhões movimentados pelo grupo no Brasil ou enviá-los para o exterior.
A Polícia Federal estima em cerca de US$ 200 milhões os valores movimentados no exterior pelo grupo envolvido com a máfia dos jogos.
Os dois portugueses são acusados ainda de negociar sentenças judiciais favoráveis aos interesses das empresas de jogos com magistrados no Rio de Janeiro. "As notícias surgidas sobre o possível envolvimento de cidadãos portugueses em atividades delituosas no Brasil são, naturalmente, fonte de preocupação. Estamos acompanhando com atenção este caso, através da embaixada e das estruturas consulares, procurando que sejam dadas todas as garantias de defesa às pessoas que agora estão sob suspeita", afirmou o embaixador Seixas da Costa.
O diplomata destacou que é necessário ter "serenidade e muita prudência" em relação ao caso, já que, nesta fase, esses cidadãos estão apenas sob investigação e não estão sequer indiciados pelo Ministério Público. "Mesmo que isso venha a acontecer, devem beneficiar de presunção de inocência até o momento em que uma eventual sentença condenatória transite em julgado", assinalou Seixas da Costa.
De Licínio, sabe-se que chegou a pagar a última campanha do PS no Brasil. E fala-se em mais de 100 mil euros.
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