21 junho 2007

Quatro anos de Notas Verbais

Na próxima Segunda-feira (25), Notas Verbais perfazem quatro anos. Não é muito mas já é alguma coisa, para um blogue confinado a uma área muito restrita e que o poder continua a gerir como segredo dos deuses mesmo quando não se trate de segredos de estado, ou, mais grave, quando o conhecimento e a crítica dos assuntos externos e dos procedimentos dos agentes diplomáticos e consulares são do interesse público.

Com fundados motivos, temos consciência de que alguns decisores políticos que foram passando pelas Necessidades e certo número de profissionais correlativos gostariam que Notas Verbais nunca tivessem aparecido ou mesmo que tivessem desaparecido do mapa. Mas também sabemos que a grande maioria dos diplomatas e funcionários do MNE ou colocados em instâncias onde a imagem de Portugal se faz e os interesses do País se decidem ou representam, tem estado connosco, de forma particularmente expressa quando as regras da transparência são postas em crise e quando os mecanismos de decisão são sigilosamente accionados à margem do que em democracia se exige.

Fiéis à frase fundadora, seguindo pois o conselho de Malebranche de que "é preciso tender para a perfeição sem a pretender", fomos saudando todos os que foram pondo o ombro no andor das preocupações que justificaram e justificam Notas Verbais – quanto mais acompanhados melhor, independentemente das posições políticas ou cívicas de cada um. Por isso também lamentamos que algumas intervenções que cedo se revelaram promissoras, tenham ficado pelo caminho precisamente quando a imprensa, rádio e televisão, em matéria de relações internacionais, política externa e actividade diplomática, foram decaindo na dependência noticiosa filtrada pelas agências ou meramente no acompanhamento condicionadamente institucional dos factos e das iniciativas, parte apreciável das quais planeadas segundo os cânones do marketing político, por natureza avesso ao escrutínio.

Apesar de algumas imperfeições que também nunca pretendemos, designadamente alguns breves hiatos de uma intervenção que, dependendo de uma só pessoa, está dependente das vicissitudes da "biografia" da mesma pessoa, cremos que quatro anos de Notas Verbais valeram a pena.

Carlos Albino

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