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Alguém há dias interrogava-se aqui sobre o que anda a fazer o Instituto Diplomático a propósito da ausência de preparação de um serviço diplomático para o Alto Representante para a Política Externa e Defesa...
Afinal, segundo consta, tem o Instituto dedicado o melhor do seu tempo a aniquilar a exemplar carreira da (ainda?) directora do Arquivo Histórico!
Eu explico: O Instituto Diplomático foi objecto de reestruturação orgânica com a fusão das duas anteriores direcções de serviço, a saber: o Arquivo Histórico-Diplomático e a Biblioteca, passando agora a ter uma só direcção de serviços de arquivo e biblioteca.
Estou em crer que no espírito do legislador só poderia estar presente a intenção de valorizar a prestação dessa verdadeira jóia do nosso património documental, o Arquivo Histórico, por oposição a uma Biblioteca parada no tempo, incompleta, de difícil pesquisa bibliográfica.
O Arquivo Histórico é universalmente reconhecido como um dos mais importantes do país. Os seus vários quilómetros de documentação encerram tesouros que desde há décadas a militância de sua (ainda?) Directora, a Dr.ª Maria Isabel Fevereiro, tem vindo a divulgar a um número sempre crescente de investigadores nacionais e estrangeiros. Quem, como eu, teve a honra de beneficiar do seu atendimento altamente profissional, da sua total disponibilidade e envolvimento no auxílio à pesquisa, do seu empenho pessoal no sucesso das investigações, na palavra amiga, nas valiosas pistas que sugere fruto da sua enorme experiência, sente desde logo que está na presença de um caso raro de dedicação ao serviço público.
Exemplo de sua militância é a criação da Associação dos Amigos do Arquivo Histórico-Diplomático (link na coluna à direita), numa altura em que outra malfadada reestruturação atirou com o Arquivo para a dependência de Serviço de Expediente do MNE e relegou a sua Chefe de Divisão à categoria de técnica superior!!!
Outro exemplo é a organização das "Conferências do Arquivo", palestras organizadas com o objectivo de divulgar as investigações feitas a partir da documentação diplomática que se encontra no MNE, onde já se contam pelas dezenas os mais ilustres conferencistas.
A Dr.ª Maria Isabel Fevereiro tem também responsabilidades na representação do seu Ministério em diversos organismos internacionais, obrigando-a a frequentes viagens. Quando tal acontece o Arquivo fecha ao público, com grande desespero de nós utentes, pois a sua (ainda?) Directora não conta com mais de duas ou três esforçadas funcionárias sem as necessárias qualificações para a substituir nas ausências.
O seu prestígio ultrapassa as fronteiras de Portugal, como testemunhei por diversas vezes em conversa com investigadores europeus, norte e sul americanos.
É também reconhecida pelos seus pares como uma autoridade em Arquivística e, prova disso foi ter sido membro do Conselho Superior de Arquivos, por reconhecido mérito profissional.
Na minha biblioteca pessoal, e certamente na de todos os que se interessam pelos temas de nossa política externa e história contemporânea, possuo inúmeros livros em que os agradecimentos dos autores à Dr.ª Isabel Fevereiro extravasam as habituais palavras de circunstância.
Pois esta Senhora, ao que parece, vai (?) ser novamente despromovida para técnica superior, subordinada à responsável pela obscura Biblioteca.
Pelo que ouvi dizer, a responsável da Biblioteca foi escolhida por ter uma categoria profissional superior: é Assessora. Falta dizer que a sua categoria foi obtida paulatinamente usufruindo das promoções automáticas que até há uns anos eram generosamente concedidas ao pessoal dirigente. Ah pois! A Dr.ª Isabel já por outra vez perdeu o seu estatuto de dirigente quando o seu Arquivo, como acima referi, foi parar ao expediente!
É legítimo recordar aqui as ocasiões que me dirigi à Biblioteca e deparei com as baixas prolongadas (meses? anos?) da sua responsável e com o atendimento, bastante, confiado a uma simples funcionária.
Numa altura em que o Governo apregoa que os organismos públicos devem seguir o modelo empresarial e em que o critério de valorização é o mérito, repudio veementemente o que se preparam para fazer (fizeram?) à Senhora Doutora Maria Isabel Fevereiro. Será que, ao menos, deram-se ao incómodo de comparar os curricula de ambas?
Antevejo negros dias para todos os que agora vierem a necessitar do Arquivo Histórico- Diplomático! E estou seguro que muitíssimos como eu não calarão o protesto caso tal injustiça se venha a concretizar.
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