29 fevereiro 2008

Ler & Concluir Garra de jornalista


Depois de alguma resistência por receio de mais alguma peça de história romanceada, estamos a ler este 1808, de Laurentino Gomes. Afinal, nenhum fundamento para a resistência. Mesmo o que já é sabido e conhecido não sendo novo, parece novidade e impõe-se como novidade, sobretudo quando são identificados aqueles tiques que perduram na sociedade portuguesa e acabam também em tiques da política externa e da diplomacia (sobretudo da diplomacia manhosa), fuja rei, renuncie presidente, se plebiscite chefe, haja guerra à porta ou nos julguemos ilhéus rodeada de paz mesmo que tenhamos um vulcão debaixo dos pés. Para além da garra de jornalista (garra que é um dom improvável num académico mesureiro para a sabedoria), Laurentino Gomes deixa à evidência que o romance histórico dá muito menos trabalho, sendo este o género talhado para muito trapalhão sem querer. Laurentino Gomes não é desse género e trabalhou. Possivelmente deu-lhe muito trabalho identificar os tiques que atmbém no Itamaraty, tal como nas Necessidades, muita gente não sabe de onde vêm, vindo de longe e nada adiantando romancear.

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