21 fevereiro 2008

Pruridos conjuntos

É verdade que decorreu a 23.ª reunião da Comissão Bilateral Permanente Luso-Americana, dela saindo um comunicado conjunto de 220 palavras.

    Dissecando, Portugal e os EUA obviamente «reafirmaram a sua sólida e duradoura aliança política e militar» gastando nisso 10 palavras, «passaram em revista» o Kosovo e Afeganistão, ficando-se sem saber a que conclusões chegaram conjuntamente (possivelmente não interessará saber), depois «assinalaram a importância» da próxima cimeira da NATO (mal se não assinalassem) e lá foram mais 25 palavras.

      Chegou-se depois ao ponto da cooperação científica, tecnológica e militar, e aos programas de assistência nos Açores, e mais não se diz que as partes «passaram em revista os desenvolvimentos positivos» e que «trocaram pontos de vista» sobre novas áreas de cooperação, e lá gastaram mais 65 palavras.

        Finalmente, 48 palavras para o que parece ser o único osso duro de roer (o inquérito salarial anual dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes) em que os EUA «reiteraram que a sua posição está em conformidade com as suas obrigações» e em que Portugal «mantém diferente interpretação sobre a matéria», sem se identificar o que ou quanto está em causa, seguindo-se mais 44 palavras passíveis de figurar na Antologia da Fatal Clareza: «ambas as partes reconheceram que os relevantes requisitos legais e regulamentares são complexos, comprometendo-se a trabalhar em conjunto no sentido de encontrar uma solução mutuamente aceitável para o problema e responder formalmente às preocupações, no domínio contratual, dos trabalhadores portugueses na Base das Lajes». Vá lá! Reconheceu-se que há um problema e que há preocupações, Santo Deus de exclamação conjunta!

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