20 março 2008

«Mas porque que eu não fui para vice-cônsul?»

Chegou a NV um e-mail que nada tem a ver com os nossos assuntos e não conta para os nossos «números» de correspondência diária, dando conta de um «luto nacional» para os dias 22 e 23 de Maio, a ser manifestado pelo uso de vestuário preto ou pela pendura de pretas fitas nas janelas...

Anunciado luto, contra as pensões de luxo e as aposentadorias que contradizem os sacrifícios gerais impostos no quotidiano ao cidadão comum. E figura nesse e-mail uma longa lista de verbas apreciáveis com que, por exemplo, juízes cansados passam a contar no descanso que não se questiona, obviamente. Mas aposentações de cinco, sete mil euros... dão que pensar quando têm o chapéu do Ministério da Justiça.

Mas também lá estão citados dois casos do MNE. Por exemplo, o de um vice-cônsul (funcionário do quadro externo, portanto não diplomático) que vai para casa com 7.284 euros mensais, e outro também vice-cônsul com 6.758 euros... Dá que pensar.

Em todo o caso, as coisas não são anónimas, nem se trata de insinuações. As listagens de aposentados e reformados podem ser consultadas no site oficial da Caixa Geral de Aposentações, com discriminação por ministérios, com nomes claros e verbas exactas até aos cêntimos.

No que toca ao MNE, em Janeiro passado, por exemplo, um funcionário também vice-cônsul, aposentou-se com 5.913 euros mensais, e em Março uma assessora principal (ex-directora-geral adjunta) com 2.560 euros. Uma diferença gritante e que sugere a qualquer um dos milhões de trucidados que faça a seguinte pergunta: «Mas porque que eu não fui para vice-cônsul?»

Agora se compreende porque é que o vice-cônsul é a espécie mais caladinha que há na actividade externa do estado.

É de ver o desfile desta procissão de semana santa no site da Caixa Geral de Aposentações. Não há crise no desfile.

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