LIÇÃO DE AMADO Nem sabemos bem por que motivo, mas quando aqui em NV demos relevo à ida do ministro Luís Amado à Universidade Lusíada/Lisboa, suspeitámos que o MNE iria dar lição. E deu.
E na lição que deu, o ministro surpreendeu sobretudo os que o têm como que a navegar na linha de águas entre o sim e o não, com o astrolábio daquela cautela que não tem norte nem sul, na mão petrificada. Ou, pela fábula bíblica, como que um ministro conformado no seu Monte das Oliveiras, dispondo-se ao sacrifício político de pedir perdão para os que não sabem o que fazem, com o Barrabás e até o outro ao lado, no calvário de estado.
Nada disso. Desta vez, Luís Amado foi a direito contra a "política de capelas" ou "política de preservação do poder" que identificou como um problema "muito flagrante neste momento na acção externa".
Disse o ministro sentir dificuldades na "melhor promoção dos interesses económicos" e na "maior valorização do papel da cultura e da língua portuguesa", onde também sente ser necessária "mais e melhor cooperação interministerial em todas as áreas".
E que "há sempre uma política de capelinhas a condicionar, muito, os interesses de Portugal", dando relevo a que "o défice é especialmente visível no sector cultural".
"Custa-me que haja uma missão diplomática num país com potencial (económico) que não faça tudo o que pode fazer pela promoção dos interesses portugueses, às vezes não por não ter sensibilidade, mas por falta de enquadramento", avaliou o ministro para concluir que "a política de capelas isola-nos" na acção externa, tanto a nível cultural como económico.
Resultado: "É um desperdício termos uma máquina política e diplomática que não se foca nestas áreas", sendo "inaceitável que o potencial destes recursos não seja mobilizado”.
Luís Amado, com isto, fez o mais importante: identificou o problema - a política de capelas, a política de preservação do poder.
Ora quando se identifica o problema, ressucita-se! Aleluia!
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