PORQUÉ TÚ NO HABLAS? O Presidente da República, Cavaco Silva, ao considerar que a declaração unilateral de independência do Kosovo «é algo muito anormal» e ao defender que Portugal tem de ser «cuidadoso» na decisão de reconhecimento ou não deste país, rompeu com a prática da omissão ou da criação de mais uma lacuna que a diplomacia portuguesa tem reservado para o assunto, como que numa estranha neutralidade.
É reconhecível que para o Presidente da República se sentir na obrigação de dizer claramente que «a declaração unilateral de independência é algo muito anormal, não está previsto no direito internacional», isso é uma excepção indiciosa de que as práticas lacunares na afirmação da política externa portuguesa não correspondem a vantagens e muito menos a coerência. E em diplomacia, pior do que «muito anormal», é que uma situação não seja «nada normal».
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