Ministros e secretários de estado, como se sabe, ou consoante se manda que se saiba, viajam. Visitas oficiais, visitas de trabalho, esporadicamente deslocações para apagar algum fogo, viagens privadas por vezes sem se saber se são semi-oficiais ou quando deixam de ser privadas, enfim também visitas de obrigação, ou por indeclináveis comitivas oficiais, ou por pesarosa representação de entidade mais elevada.
Ora, nas viagens até lá fora ou lá por fora, e de forma mais evidente quando são eles próprios cabeças de comitiva ou chefes de delegação, ministros e secretários de estado, julgando que longe da serva pátria a pátria não os observa, acabam por mostrar o que e como no fundo são – precisamente no fundo da alma, nesse fundo onde se depositam as indisfarçáveis noções de civilidade, os resíduos daquela betuminosa vaidade ou então da subtil modéstia do brio, a folheirasca do poder, as reminiscência de corte, enfim, a presunção que molda a profundidade da mesma alma e que se revela sem se dar por isso, desde que se vem do avião até se ir para o avião, naqueles gestos e percursos oficialmente não-oficiais.
Em matéria de presunção e água benta, quanto aos ministros deste governo, numa escala de 0 a 20 - pelo que mais cifrado que a cifra, nos chega dos postos - grande parte está no meio, uns mais acima, outros mais abaixo do razoável, mas os extremos são estes:
- 19,2 - Teixeira dos Santos, desde que sai do avião
0, 34 - Manuel Pinho, até que entra para o avião
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