- Velho professor de filosofia, talento holandês emigrado, para explicar a diferença entre os escolásticos conceitos de continente e de conteúdo, cumpria todos os anos um ritual pré-anunciado, mas que se tomava a sério. Chegado o dia da matéria, ele erguia o braço solene, e, vincando na cara umas caretas que assumia como pronomes de mestre, fazia tremelicar uma caixa de fósforos segura por dois dedos curvados em pinça. «Senhorres! O continente é isto», apregoava ele com toda a aula ansiando não tanto o desfecho mas a abertura do conceito. E, com precisão, naquele momento em que a gargalhada colectiva poderia borrar a dignidade da lição, ele antecipava-se com um segundo anúncio - «Senhorres! E o conteúdo é isto!», abrindo nesse instante a caixa de fósforos de onde saiam umas dezenas de moscas… E por um infidável minuto, apontava para as moscas a esvoaçar como alvos do dedo do mestre, repetindo - «Senhorres! O conteúdo é isto!». Então a aula ia percebendo que o conteúdo pode estar fora do continente. Pois é exactamente o que ocorre com o novo portal do MNE – sim, senhor, muito bonito de início, que caixa tão perfeita, que prometedor continente, mas esperar-se-ia que o conteúdo não fosse mosquedo! Mas, senhorres! O conteúdo é mesmo isto, moscas fazendo as Necessidades como suas.
Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
12 abril 2008
Novo portal do MNE. Já com mosquedo
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário