REZAR E EMBARCAR Com a cara de caso, caso de sempre, ao descer, há pouco, as escadas do segundo andar, o embaixador Apito Barreto erguia o punho com a concordata em rolo como a tocha de Pequim, saindo-lhe a chama pela boca olímpica:
- - Meu caro! Olhos nos olhos! Só agora percebo que esta concordata não pode ser regulamentada! Há uma omissão grave! Falta aqui a cláusula de um aeroporto para a Santa Sé!
Um aeroporto?
- - Também você não dá por isso? Não viu que quando o Santuário de Fátima fazia parte dos interessados no aeroporto da OTA, não havia problema de regulamentação? E que apenas depois da opção de Alcochete, é que surgiu toda a bernarda? E não sente que tudo vai serenar com a decisão da câmara de Ourém de ampliar o aeródromo para aeroporto? Não vê que esta foi uma falha da concordata que devia ter estipulado a garantia de um aeroporto para o Primado de Fátima? Sem isso na concordata, como é que se vai regulamentar um aeroporto confessional? Não vê? Você não vê que aquilo em Fátima é rezar e embarcar?
E saiu pela porta do Rilvas, naquela passada larga dos atletas jubilados que simulam a glória perdida no bucho das pernas. Ao passar pela guarita, estancando, ainda se ouvia ele dizer ao guarda, atónito como o querubim da Igreja da Encarnação:
- A concordata devia ter previsto o aeroporto dos fiéis… Você não vê que assim não é rezar e embarcar?... O Martins da Cruz fez isto mal! Para o Vaticano, um aeroporto é preciso sê-lo, não basta parecê-lo?
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