10 maio 2008

Registem mais esta

Quanto à duvidosa boa convivência continuada entre os futuros presidente do Conselho da UE o alto representante para a Política Externa e o presidente da Comissão, Manuel Lobo Antunes acaba de dizer isto: «Tudo vai depender da personalidade do presidente do Conselho».

    Pelo alerta de que tudo depende disso, e porque a personalidade do presidente do Conselho podia ter escapado em leituras anteriores, fomos reler a versão consolidada do tratado. Nada se encontrou sobre traços de personalidade. O que é grave, se tudo depende disso.

    Ainda assim, referir-se-á Manuel Lobo Antunes a traços físicos do presidente – energia, aparência e peso? Ou a traços intelectuais – adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e autoconfiança? Ou a traços sociais – cooperação, habilidades administrativas e interpessoais? Ou também a traços de tarefas – iniciativa, persistência e impulso de realização? O tratado é omisso.

    Também poderá acontecer que Manuel Lobo Antunes faça depender o êxito da convivência, dos estilos de liderança, estilos estes já tomados na política como sendo próprios de personalidade. Exigir-se-á, então, ao presidente, para salvar o modelo, um estilo de liderança autoritária, em que o trabalho da UE Tenha que ser feito com feito com a presença do líder, não havendo lugar para trocas de opiniões e com neutralização da criatividade? Ou o presidente deverá ser um líder liberal, em que o individualismo quanto mais agressivo for melhor disfarçará o fraco desempenho e a falta de intervenção? Ou, esse estilo deverá ser democrático, com o líder a ajudar nas decisões, fomentando a criatividade e responsabilidade mútua?

    Em todo o caso, sempre se pergunta: quem quererá fazer a figura de corta-fitas? E a Europa, do que precisa, será mesmo de um corta-fitas?

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