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O embaixador Rocha Páris já deve ter comunicado ou possivelmente Cavaco Silva terá ouvido isso de Bento XVI sob sigilo que só Deus ouve, mas o papa, hoje mesmo, acaba de autorizar a promulgação de dois decretos da Congregação para a causa dos Santos (cardeal Saraiva Martins), envolvendo Nuno Álvares Pereira ao qual chamamos de Santo Condestável nos momentos de crise.
Um dos decretos é da área dos milagres, com Nuno Álvares Pereira ao lado de mais quatro fazedores dessas coisas que não pagam impostos – um belga (Damian Joseph de Veuster, padre do século XIX), um italiano (Bernardo Tolomei, finais do século XIII) e um casal francês (Louis Martin e Marie-Zélie Guérin, do século XIX).
Outros dos decretos promulgados incide nas virtudes heróicas de Nuno Álvares Pereira, veterano numa lista de oito contemplados.
Nuno Álvares Pereira fora beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, com dia festivo 6 de Novembro e o processo de canonização encontrava-se aberto desde 1940. Bento XVI fecha-o.
Portanto aí temos o 11.º santo português, nascido em Cernache do Bonjardim (24 de Junho de 1360) e um dos 26 filhos conhecidos do prior do Crato, D. Álvaro Gonçalves Pereira e de Iria Gonçalves do Carvalhal.
Camões, directa ou indirectamente, por 14 vezes nos Lusíadas refere-se a Nuno Álvares Pereira que como chefe militar foi decisivo nas lutas pela independência contra Castela (1383-1385), sobretudo naquele 14 de Agosto, em que comprova génio militar ao vencer a batalha de Aljubarrota à frente de um pequeno exército de 6.000 portugueses e aliados ingleses, contra os 30.000 das tropas castelhanas.
Também Fernando Pessoa lhe dedica poema especial na Mensagem:
- Que aureola te cerca?
É a espada que, volteando,
Faz que o ar alto perca
Seu azul negro e brando.
Mas que espada é que, erguida,
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Arthur te deu.
Sperança consummada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada
Para a estrada se ver!
Após a morte da sua mulher, Leonor de Alvim, tornou-se carmelita (entrou na Ordem em 1423, no Convento do Carmo, que fundara como cumprimento de um voto). Toma o nome de Irmão Nuno de Santa Maria. Aí permanece até à morte, ocorrida em 1 de Novembro de 1431, com 71 anos. Durante o seu último ano de vida, o D. João I fez-lhe uma visita no Carmo.
O túmulo de Nuno Álvares Pereira foi destruído no Terramoto de 1755. O seu epitáfio era: "Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta igreja onde descansa o seu corpo."
Consta aqui no Vaticano que Bento XVI numa eventual próxima visita a Portugal, visitará o convento do Carmo… Que António Costa se prepare para acreditar um pouco mais nestas coisas. Até porque não vão faltar agora os Pereiras que se arrogarão de ter santidade nas veias.
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