20 setembro 2008

Parabéns? Ninguém, desansem…

      OLHA QUEM FOI MINISTRO Dois, neste dia: um, o conde da Feira, há precisamente 200 anos, sobre o qual já se disse aqui o essencial; outro, o marquês de Soveral, há 113 anos, pelo que hoje não nos saem duques.

        Luís Augusto Pinto de Soveral, primeiro e único marquês do Soveral (ao lado, numa caricatura de Alfredo Cândido), assumiu a pasta dos Estrangeiros, neste dia em 1895 até 1897, no governo de Hintze. Cinco anos antes, mediara a disputa da Inglaterra com o Brasil pela Ilha de Trindade, que a Inglaterra ocupara por julgar abandonada. Após analisar a questão, o marquês deu parecer favorável ao Brasil, parecer que a Inglaterra acatou. Fez carreira pelas legações em Berlim, Madrid e Londres onde acabaria por se fixar, tendo passado pelas suas mãos o difícil dossier das relações luso-britânicas na sequência do Ultimato, com remate no segundo Tratado de Windsor (1899).

        O marquês de Soveral fez parte do grupo dos “Vencidos da Vida” mas, anos depois desse devaneio de convívio com intelectuais, não se conformou com a implantação da República – demitiu-se das funções e foi conselheiro de D. Manuel II no exílio.

        A sua vivência em Londres ficou associada a histórias de charme e a peripécias ousadas, as quais deram origem ao designativo de soveralesco. Homem que ditava a moda em Piccadilly, partia corações, tocava guitarra e cantava o fado, quando oferecia um jantar, brindava os amigos com um prato de bacalhau acompanhado com champanhe. Portanto, diplomacia do bacalhau.

        Na embaixada de Portugal em Londres há um retrato do marquês pintado por Medina.

        Soveral está hoje esquecido mas nas Necesidades ainda se nota, neste ou naquele, algum estilo soveralesco…

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