19 outubro 2008

Parabéns em criseMas haja memória


A memória é um visto temporário que se concede a uma refugiada chamada inteligência.

- Manuel CLVI Paleólogo©


      OLHA QUEM FOI MINISTRO Por 17 dias, há 87 anos, após a «Noite Sangrenta» em que o chefe do governo anterior, António Granjo, foi assassinado, tal como os históricos republicanos, Machado Santos e José Carlos da Maia.

        ALBERTO DA VEIGA SIMÕES Escritor, jornalista, político, diplomata, investigador, tudo isso, mas foi sobretudo diplomata. Alberto da Veiga Simões subiu vertiginosamente na carreira: cônsul em Manaus em 1915, promovido e colocado em Oslo em 1919, chefe de missão em Viena em 1921, percorrendo toda a Europa, a partir de então, como representante de Portugal em importantes negociações de carácter político e económico. Masi tarde, entre 1933 e 1940, é enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Berlim, onde testemunha as circunstâncias que culminaram na Segunda Guerra Mundial - os relatórios enviados por Alberto da Veiga Simões para as Necessidades são imprescindíveis para o estudo da época. Não foi um particular simpatizante da política do Estado Novo e a sua frontalidade suscitou incompatibilidades que armadilharam a sua carreira. Em 1946 é nomeado para a missão em Pequim mas a sua saúde impede-o de de rumar para a China. Salazar aproveita a oportunidade para o afastar definitivamente, demitindo-o da carreira diplomática.

        Dois bons livros para se compreender a personalidade deste diplomata: «Alberto da Veiga Simões: esboço de uma biografia política», de Lina Maria Gonçalves Alves Madeira (Edição Quarteto), e «Correspondência de um Diplomata no III Reich - Veiga Simões: Ministro Acreditado em Berlim de 1933 a 1940», edição patrocinada pela Associação dos Amigos do Arquivo Histórico-Diplomático do MNE.

          E porque ninguém hoje faz anos nas Necessidades e não há dias mundiais nem internacionais, cabe um texto de Jaime Cortesão sobre esses dias de há 87 anos:

          «Os crimes que se praticaram não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa. Por trás das espingardas que vararam António Granjo, há outras armas mais perigosas e asassinas. Chamam-se elas o egoísmos das classes, e, em especial, das mais altas; a inércia e por vezes a corrupção do poder; a esterilidade dos mais elevados organismos políticos da nação que se debatem em mesquinhas disputas»

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