01 novembro 2008

Arquivo Geral do MNE. Tira de lá quem quer?

A Autobiografia Disfarçada do embaixador João Hall Themido, chegou hoje ao Expresso, com reprodução parcial do capítulo dedicado a Aristides de Sousa Mendes.

Capítulo que, para além de polémico, é perturbante.

Não é polémico nem perturbante que Hall Themido afirme que, quanto a Aristides, «pode e deve louvar-se a sua atitude em Bordéus, que o consagrou, com justiça, como herói nacional».

É polémico que Hall Themido, contraditóriamente, considere «incompreensível criticar o Ministério dos Negócios Estrangeiros, incluindo o Ministro, por ter aplicado a lei nas circunstâncias da época», o que se liga a juízos de valor próprios de Hall Themido, do seu percurso e vínculos mentais. Isto não perturba.

O que perturba é a afirmação de «como tem acontecido em outros casos mediáticos, a maioria desses processos disciplinares (contra Aristides) desapareceu misteriosamente do Arquivo Geral, onde todavia ainda está, incompleto, o relativo a Bordéus». Processos tais, os desaparecidos, que nada terão a ver com actuações humanitárias, mas relativos a abandono de posto ou concussão. A referência de Hall Themido a desaparições relativas a «outros casos mediáticos», não pode deixar-se de relacionar com outras desaparições para que casos e assuntos de estado não se tornem mediáticos, alterando a leitura da história. É o Arquivo Geral do MNE que está em causa.

Voltaremos ao assunto,
ao assunto das desaparições do Arquivo Geral,
que é o que perturba, independentemente de Aristides.

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