06 novembro 2008

Vaticano. È Alô, Frei Bermudas!

- Frei Bermudas! Alô! Está lá?

- Sim, estou. Diga, por favor.

- Há novidades no Vaticano?

- Mais ou menos. Como sabe o papa escreveu a a 138 sábios muçulmanos para que participem no fórum católico-muçulmano que está a decorrer. Hoje de manhã, o papa recebeu os membros do fórum, falou e disse.

- Falou e disse?

- Sim, falou do tema escolhido e que é «O amor de deus e o amor do próximo, a dignidade da pessoa humana e o respeito mútuo» e disse o óbvio: que o tema sublinha os princípios teológicos e espirituais das duas religiões. Portanto, nada de político, nem diplomático, nem militar.

- Com a experiência que tem, diga-nos, as duas religiões podem passar disso?

- Bem! O papa manifestou-se contente com o facto do fórum ter chegado à conclusão, ou ter adoptado uma posição comum sobre a necessidade de adorar deus, de amar o próximo, sejam homens ou mulheres, e sobretudo as pessoas em dificuldades…

- Dificuldades pela crise financeira?

- Não, nada disso. O papa referiu-se às dificulades das pessoas vítimas da da doença, da fome, da miséria, da injustiça e da violência… Não falou do FMI, nem da OPEP, nem do BPN, ou seja, não falou das causas, mas dos efeitos.

- E então?

- Então, disse o papa que o amor de deus não pode ser separado disso, desses efeitos, e que também a tradição muçulmana é clara quanto ao empenhamento no serviços aos necessitados, embora as visões antropológicas e teologias de católicos e muçulmanos se exprimem de maneira diferente.

- Quer dizer que fica tudo na mesma?

- Segundo papa, não. Bento XVI diz que as zonas de acordo entre cristão e muçulmanos. Tais como o reconhecimento do carácter central da pessoa e da dignidade de cada um, o respeito e a defesa da vida como dom sagrado tanto para cristãos como para muçulmanos, são pontos comuns que, assumidos também em comum podem evitar o poder devastador das ideologias.

- Que ideologias?

- Não especificou. Depois dessa alusão, rumou para os direitos humanos, manifestando esperança que a defesa dos direitos humanos se estenda a todos os lugares e e chegue a todos.

- E referiu quem concretamente impede isso?

- Também não. Apenas lançou a dica de que os responsáveis políticos e religiosos devem garantir o livre exercício desses direitos, no absoluto respeito da liberdade de consciência e de religião de cada um. Depois o papa apelou mais aos factos do que às palavras sob pena das duas religiões se descredibilizarem, se cada uma delas não aplicar tais princípios.

- E não saiu daí?

- Saiu um pouco, apelando a que cristãos e muçulmanos abandonem velhos preconceitos e corrijam percepções muitas vezes confusas de uns sobre os outros e que põem em perigo as relações recíprocas.

- É caso para se dizer que o papa acredita num Eixo do Bem…

- Mais ou menos isso até porque, desta vez, deixou o Manuel Paleólogo fora dos eixos.

- Obrigado, Frei Bermudas!

- Obrigado, eu. Darei novas daqui, se as houver.

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