21 setembro 2009

O português do MNE parou em 1937

É claro que têm desconto - o desconto de serem meros exemplos para as provas de português do concurso diplomático - mas não deixam de fazer transparecer sinais do ambiente mental.

    Num dos exemplos de prova, pede-se um resumo de texto seleccionado cujo objectivo será o de «suspender as opiniões próprias, de forma a reproduzir com fidelidade o pensamento alheio».

    E que texto? Um sobre «A influência da língua na conservação do sentimento da nacionalidade!» – a exclamação é do texto... Aí se sugere: «Veja-se a Bélgica, país mais pequeno que a província do Alentejo, teimando em dividir-se por três idiomas diversos. Não é isto lastimável?» Mas, excelência exemplificativa, a terminar o texto surge uma verdadeira pérola ambiental das provas do MNE: «A escravatura não marcou um passo notável na marcha da humanidade? Sempre é preferível viver como escravo a ser comido e gralhado ou... cru. Hoje (1937), felizmente, nas guerras mais ferinas entre os povos civilizados, o prisioneiro escapa à escravidão e à voracidade do vencedor mesmo esfaimado».

No MNE não se lê nada de melhor desde 1937 que se apresente aos jovens candidatos a diplomatas, como exemplo de provas de português para resumir? Ou será que desde 1937 não se mudam os exemplos das provas?

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