O confronto entre Público e DN a propósito das «fontes» de Belém, tem muito a ver com o que tem sido habitual com as «fontes diplomáticas» e com os procedimentos dos assessores das Necessidades, independentemente do ministro A ou B, do governo X ou Y ou do partido no poder. O assunto é sério e pela primeira vez é levantado sem equívocos, embora com um dever ético sacrificado pelo DN. Em todo o caso, o sacrífio acaba por ser um mal menor face ao terreno pantanoso em que parte do jornalismo político português se transformou.
Já aqui se disse e reafirma que Fernando Lima foi useiro e veseiro nos métodos de influenciar jornalistas, designadamente quando serviu Martins da Cruz. Aliás, o seu mal quando foi director do DN, foi o de nunca ter perdido os tiques de assessor. Mas não foi o único - com muita dificuldade se descobre um assessor de MNE que não tenha recorrido aos mesmos métodos de Lima, invertendo-se as regras das Redacções políticas: os jornalistas em vez de irem às fontes, confrontarem as fontes e exigirem às fontes, deixam que sejam as fontes que venham selectivamente a eles, a troco de venenosa informação privilegiada e com a perversidade trazida em bandeja. Nisto, obviamente que os jornalistas têm enormes responsabilidades mas o quadro legal, sobretudo com a moldura de Santos Silva, também não os ajuda, antes pelo contrário, os coíbe de mudar o que está manifestamente mal.
Por isso mesmo, para que a «informação» seja administrada conforme as circunstâncias, é que o Palácio das Necessidades jamais desejou um serviço de informação e imprensa a sério, profissional e limpo, tendo preferido cometer essa tarefa a assessores de gabinete. E Belém tem ido nessa onda, não é apenas agora com Cavaco que se envolveu numa trama muito feia e que deveria esclarecer de imediato, com todas as consequências.
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