15 novembro 2009

"Centro Cultural" em Bissau. Dá e tira, depois vende-se

Segunda leitura para os fiéis atentos.

Em verdade, em verdade vos digo. Algum tempo decorrido depois do deita-abaixo embaixada, não-deita-abaixo, dá-terreno, tira-terreno, o mestre reuniu-se com os seus discípulos e juntos se dirigiram à casa de um honestissimo homem que era então presidente da Câmara Municipal de Bissau. Cedo o justo homem se declarou ao lado do mestre e garantiu o seu apoio junto de fariseus e cananeus para ajudar a aclarar o imbróglio do terreno, ao que o mestre lhe disse: "Filho, perdoados te são os pecados, se conseguires que o Centro Cultural Português se cumpra conforme as escrituras". E para que fosse conhecido o poder do Filho do Homem sobre a terra, melhor, sobre o terreno, eis que o assunto foi levado ao sumo pontífice de então, o presidente Nino Vieira ao que este decidiu e pediu ao governo que o  dito terreno fosse oficialmente oferecido ao Estado Português, com Estado e Português em letras maiúsculas. Corria o ano de 2006 e a multidão que seguia o mestre encheu-se de profunda alegria. E nisto, enquanto o governo de Lisboa comia uns amendoins - que é o que faz quando pensa em diplomacia cultural, se é que pensa e não come apenas amendoins - a tal família voltou à carga e meteu o caso em tribunal. E depois de uma reunião no sinédrio, foi então decidido por tal família colocar uma placa a anunciar a venda do terreno, como ficou à vista da multidão que clamava: "Nunca vimos tal coisa!" . E muitos, então, ficaram a lembrar-se e a comentar muito perturbados com a teia deixada pelos romanos. Palavras do senhor.

Próxima leitura, ainda hoje,
falando-se então de dívidas ao fisco e do Banco Nacional Ultramarino,
segundo o que o mestre ensina e a turba comenta.

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