05 dezembro 2009

Escrutínio. No Brasil é assim


Praça pública? Não. No senado. Esta semana, a Comissão de Relações Exteriores do senado brasileiro forçou o adiamento da indicação presidencial do diplomata Flávio Rocha para o cargo de embaixador na Mauritânia, para abertura de nova missão permanente em Nouakchott. O adiamento não foi provocado por qualquer problema pessoal ou por falta de perfil do diplomata que já exerceu o cargo de ministro-conselheiro da embaixada brasileira em Paris., nem foi por oposição ao parecer favorável à indicação. Apenas por escrutínio da decisão do governo brasileiro de abrir novas embaixadas no continente africano, gerando novas despesas., ou se para a Mauritânia não será suficiente a cobertura diplomática a partir de Dacar, no Senegal.

Não é que Flávio Rocha não venha a ser nomeado e que a nova embaixada não venha a abrir, mas, antes disso, que a decisão seja avaliada em função dos interesses brasileiros e politicamente justificada face aos custo/benefício.

Dispensável será a comparação com as decisões portuguesas, tomadas consoante os humores dos gabinetes – abrem-se embaixadas (como o recente caso de Singapura), fecham-se ou abrem-se consulados sem rigorosa avaliação de resultados previsíveis (Xangai, aí está), transformam-se embaixadas em escritórios (Namíbia, por exemplo), e o escrutínio, quando há, é na praça pública conforme algum “caso” empolgue, algumas vezes sem relação directa e útil com o teor que uma representação do país deve ter. Sem dúvida, temos excelentes carruagens, mas é como no museu das ditas: estão paradas.

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