28 fevereiro 2010

Dizer mal?

delete 2Desabafa agora mesmo Luís Amado que só ouve dizer mal de Portugal em Portugal, em contraste com elogios ao país que ouve constantemente de dirigentes dos países que visita no mundo…

Tal desabafo foi desabafado, segundo a agência Lusa, no final da visita oficial ao reino da Suazilândia, e quando está de rumo virado para o Lesoto. O desabafo foi desabafado após o argumento de autoridade que ouviu do seu homólogo suazi, segundo o qual "Portugal é um gigante na diplomacia africana".

Desabafou Amado: "Em todas as partes do mundo em que ando existe um grandes respeito pela importância histórica de Portugal e pelo que a nossa História representa, quer em África quer na Ásia, por que há consciência do que foi o papel extraordinário da diáspora portuguesa de séculos em todas as regiões do mundo". E que "é muito gratificante testemunhar a importância crescente da língua portuguesa no mundo" e a aproximação que um número crescente de países empreende em relação a Portugal e à CPLP”.

Mas o que é que Amado pretende dizer com aquele “dizer mal de Portugal”? Criticar o governo português é dizer mal de Portugal? Criticar atuações de membros do governo é desrespeitar o que a História portuguesa representa? Criticar a política governamental para a emigração é não ter consciência do papel extraordinário da diáspora portuguesa de séculos? Criticar governantes portugueses que a partir da língua não veem o mar, é dizer mal da língua e do próprio mar?

Ou, mais grave, está Amado a sugerir que os portugueses que escrutinam criticamente quem usa mal Portugal estão a praticar atos de exceção sediciosa contra os argumentos de autoridade do MNE da Suazilândia?

Como diz o outro, começando pelo princípio, Luís Amado fica com a obrigação de explicitar com clareza o que é isso “dizer mal de Portugal”.

Esta visão que o ministro revela, é chocante. Pois qual é o português que não deseja que a Suazilândia vote em Portugal na Assembleia Geral com o objetivo do lugar no Conselho de Segurança? Dificilmente o ministro identificará um, mesmo que escute os telefonemas.

Amado dizer uma coisa dessas lá longe, não fica bem e faz lembrar tristes episódios da história portuguesa porque a história da Suazilândia é com a Suazilândia.

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