27 outubro 2010

O vosso jornalismo


Há dias aqui se alertou para a epidemia de bandarrismo que por aí vai. Quanto a opinião cada um tem a que tem com direito; já quanto a notícia, designadamente a que emana de redação profissional, aí até é um dever não se andar a brincar às profecias, pior ainda, às profecias de encomenda política conforme a conveniência e o regime de casamento entre a ignorância e a má-fé que até são do mesmo género.

Vem isto a propósito do que o embaixador Francisco Seixas da Costa escreve, com justeza, sobre o nosso jornalismo, referindo-se à decência deontológica.

Não cabe aqui entrar por tal polémica, mas gostaríamos de saber se por acaso há algum código deontológico que vigore em Portugal para os jornalistas profissionais? Sabemos que há uma carta de ética, um enunciado de 10 princípios gerais, decálogo esse que obviamente não é código com direitos e deveres dos jornalistas profissionais bem expressos e precisos, sobretudo em matéria de deveres recíprocos.

Manter a lacuna de um código deontológico foi uma opção política dos responsáveis políticos e não propriamente dos jornalistas que podem ter uma belissima carta ética mas que, quanto a deontologia, andam ao deus-dará - não há código e se não há é porque o poder político por pudor não o quis fazer, tal como por medo não transferiu para os jornalistas administrados esse poder. Enganaram-se redondamente os que pensavam lucrar com tal lacuna. Como está à vista nos principais jornais, como já nem se nota em televisões pois na rádio a deontologia também voa. E pelas províncias nem se imagina o que por aí vai. O SNI não era só mais sofisticado - era mais eficaz e fazia o equivalente sem qualquer pudor.

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