12 janeiro 2011

Isto não ajuda nada nem complica: perturba.

Cavaco Silva, adverte hoje, como candidato presidencial que “nós não podemos de facto excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e no plano social, mas também no plano político”. E, sabendo que poucos duvidam de que ele será o sucessor de si próprio, acrescenta que é necessário ter na Presidência da República alguém com experiência para lidar com “situações complexas, muito difíceis e situações que neste momento ninguém consegue prever”.

Ditas estas palavras, Cavaco Silva fica na obrigação de esclarecer o que entende por crise económica grave, crise social grave e crise política grave, cada uma em separado e as três em simultâneo, de esclarecer quem é que exclui essa possibilidade e de esclarecer rigorosamente que situações são essas que ninguém consegue prever mas que ele antevê como possibilidade que mais ninguém prevê como possibilidade.

Com os candidatos presidenciais que temos e aos quais mais nenhum, melhor ou pior, se pode acrescentar, as palavras de Cavaco Silva perturbam porque aumentam o vazio. A formulação responsável de um problema para se encontrar, com serenidade democrática, a melhor solução – designadamente na chefia do Estado -, não encontra caminho nos avisos catastróficos feitos para memória futura.

Cavaco Silva não precisava disto, ou de dar trabalho às chancelarias estrangeiras na decifração de oráculos do género dos oráculos gregos e que vão por certo reportar para as respetivas capitais.

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