28 fevereiro 2011

O "anúncio prematuro" do embaixador em Trípoli

Alguém, de algures, enviou-nos o texto que se segue (duas perguntas finais a que, em devido tempo, responderemos), e que obviamente se acolhe aqui na íntegra por ser texto pertinente e ajudar a questão:
" Chamaram-me recentemente a atenção para este seu blogue, e nomeadamente para este texto, sobre a alegada falta de oportunidade das declarações do embaixador português na Líbia:. O senhor coloca à disposição um link para um artigo do DN em que "fonte" do gabinete do secretário de estado Braga reclamaria que "Não é com anúncios prematuros de uma operação, que podem perturbar o sucesso da mesma, que se acautela a segurança dos cidadãos, como se pretende".


Confesso que me surpreendeu tanto a declaração da "fonte" como o destaque dado pelo seu blogue. É que o tal "anúncio prematuro" já vinha sendo feito na imprensa brasileira. Muitos, senão todos, os principais jornais brasileiros noticiaram a operação de resgate levada a cabo pela empresa Queiroz Galvão, antes mesmo do "anúncio prematuro" feito pelo embaixador. Veja, por todos, os artigos da Agência Brasil, datados de 23 e 24 de Fevereiro, antes, portanto, da operação de regate, e devidamente reproduzidos em toda a imprensa brasileira:

23 fev (19:40) Patriota está confiante no sucesso de resgate de brasileiros na Líbia
23 fev (21:31) Navio para resgatar brasileiros na Líbia já navega em direção à cidade de Benghasi
24 fev (10:51) Navio para resgatar brasileiros que estão na Líbia deve chegar ainda hoje a Benghazi

Ora, parece então que, ao revelar informação publicamente disponível na imprensa, não só o embaixador não cometeu qualquer indiscrição, como não colocou em risco o sucesso da tal operação. Parece portanto que à pergunta, suponho que retórica, se o "chefe da missão perdeu a noção?", a resposta seria que não, não perdeu.


Espero então que me perdoe a ousadia de lhe deixar, na sua qualidade de jornalista, duas perguntas:


1) Considera o senhor ser apropriado escrever um novo texto no seu blogue, reconhecendo que a "fonte" do gabinete do secretário de estado Braga foi injusta ao qualificar as declarações do embaixador como "prematuras"?


2) Que interpretação dá o senhor Carlos Albino às restantes declarações da tal "fonte", que afirma que "o Governo [português] continua a trabalhar para retirar os portugueses que estão em Benghazi", quando um dos artigos da Agência Brasil vem, parece que de forma incompatível, afirmar que "A embarcação foi negociada pela construtora brasileira Queiroz Galvão em parceria com o Itamaraty."?

1 comentário:

patricio branco disse...

todas as operações de resgate e transporte de nacionais de outros paises têm sido publicas e publicitadas, do reino unido para malta, da frança, grécia, italia, etc. Trata-se de operações de evacuação que não devem ser escondidas como se fossem operações militares secretas. estranho seria que o embaixador as escondesse quando já se fala delas e se dão os detalhes noutros meios, pareceria que não queria que as pessoas fossem.
deve haver por aí outra coisa, alguem que queria ter a primazia do anuncio ou esconder outros factos, sei lá.
Não duvido que o embaixador fez e está a fazer bem.