07 março 2011

O TPI que se apresse

Líbia, caso para estudar. No século XXI, pode um povo, submetido a ditadura, querer ou dar mostras de querer o benefício da democracia sem ter que passar pela matança e pela crise humanitária, como alternativa aos riscos da intervenção de terceiros e generalização do conflito? A invasão do Iraque deu-se sem esses sinais prementes mas sob invocação de pressupostos agora comprovadamente falsos; no Irão, o processo segue o seu curso e não nada a ver com o cenário e qualidade do protagonista líbio; em Cuba, idem; na Venezuela, segue em frente o tolerável jogo entre o constitucional e o que põe em crise a constituição, mas segue; na Coreia do Norte, até agora não são conhecidas circunstâncias que se assemelhem às da Líbia onde a guerra civil não estalou por pretensões secessionistas a partir de algum movimento autonomista (como no Sudão). Não há paralelismo com 1938, mas o cenário de pretextos montado por Hitler para a invasão da Polónia para fundamenter o direito àintervenção, tem algo a ver com o cenário que Kadafi acabou por montar na sua própria para reclamar a não intervenção dos estados que assistem. Fardar alemães simulados em polacos ou atribuir aos revoltosos líbios a tutela da Al-Qaeda, assemelha-se e o TPI que se apresse pois tem na Líbia a sua flagrante prova de vida - investigar genocídios consumados na África Central não é prova de vida, é exercício de manutenção. Caso para estudar.

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