Portas, lá nisso, é um artista

Com Amado então, raramente Portugal ficou a saber em quem Portugal votou, e se uma ou outra vez, tarde. O caso da UNESCO foi paradigmático. E também se escondeu até onde se conseguia, quem não votou por Portugal, e também quem votou quando não esperado que votasse... Com Paulo Portas, parece que a coisa muda. Anuncia hoje que "Portas vota Albright", excplicitando-se que o ministro dos Negócios Estrangeiros decidiu dar indicação de voto na ex-secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright, do Partido Democrata, que é candidata ao Prémio Geremek para a Promoção da Democracia...

Não há comunicado oficial, nem se justificaria, também não há nota de imprensa do MNE, que soaria a estranha. Mas foi para o sítio certo para obter o não incerto efeito: ir-se desfazendo aquela imagem do antigo ministro da Defesa, muito ligado e até condecorado por Donald Rumsfeld, o duro secretário de Defesa americano que, com toda a justiça, poderia ganhar tudo menos o Prémio Geremek.

Se este tipo de informação é para continuar e durar, será bom, mesmo que seja obra de artista.

O prémio Geremek foi atribuído pela primeira vez durante a Presidência Portuguesa da Comunidade das Democracias, e evoca Bronislaw Geremek, académico e político morto a 13 de Julho de 2008 num acidente de viação, e que foi uma das principais figuras da oposição ao comunismo na Polónia, tendo sido um dos membros fundadores do movimento Solidariedade e, em 1989, um dos artesãos do acordo para a transição pacífica para a democracia. A Comunidade das Democracias é uma organização intergovernamental de países democráticos criada em Varsóvia em Junho de 2000 e que visa reforçar os valores e as instituições democráticas aos níveis nacional e internacional