11 julho 2011

Um exemplo de ruindade de espírito

Numerado:
  1. Dia 9 (sábado), João Soares foi nomeado representante especial para o Cáucaso, pelo presidente da Assembleia Parlamentar da OSCE. Não é um dos cargos internacionais mais relevantes, mas é cargo.
  2. Ainda dia 9, o site oficial da OSCE dá essa informação, com breves declarações do presidente da assembleia e do próprio João Soares.
  3. Hoje, dia 11 (hoje), o DN online dá essa notícia, reportando-a à Agência Lusa e, além disso, com essa ressalva de origem "disse hoje à Lusa o socialista", enquanto na edição impressa se especifica "segundo informou o próprio à Lusa"... não fosse o leitor pensar que tinha sido João Soares a pedir ao DN a divulgação de tal evento. Mas ainda assim, o DN pegou na Lusa e terá sido o único.
  4. A questão não é de João Soares ou de não João Soares não. A questão é de um cargo internacional ganho para Portugal, relativamente modesto, sem dúvida, mas cargo, sendo secundário o nome.
  5. Não se duvida de que o embaixador em Belgrado, Luís Almeida Sampaio, tenha reportado para as Necessidades mais esse pequeno passo de credibilidade externa. Se o fez, as Necessidades nada fizeram - nem diretamente, nem para a Lusa, possivelmente porque não estava em causa o nome do ministro ou de delfim de ministro, além de ser fim-de-semana que é algo que troika não colocou no pacote. Pelo que se leu, teve que ser o nomeado a fazê-lo, como descarta a Lusa  e como a exceção impressa descarta.
  6. Mas imaginemos que o caso tinha sido com um espanhol e implicando um espanhol. Publicaria El País que tinha sido o próprio a informar a EFE? E a EFE estaria à espera do telefonema do nomeado, fosse ele qual fosse, do PSOE, do PP, importando é que fosse espanhol? E tratando-se de um espanhol para um cargo ganho para Espanha, El Mundo, La Vanguardia, por aí fora, omitiriam? Os exemplos são mais que muitos mesmo para cargos de formiga espanhola. E sendo isso publicado em todos os jornais espanhóis, a coisa não chegaria a Portugal, a uma coluna que fosse, com o título "Espanhol/ nomeado/ para cargo/ na OSCE", fosse Manolo ou Juan?
  7. Em Portugal, essa prática de omissão, de ressalva que apouca e por vezes amesquinha, é uma questão cultural e de ruindade de espírito. Que não é só dos jornais - parte também da chancelaria alegremente confiada em que a Lusa tenha as costas largas. Cada um que se promova como pode e quanto possa, não é oh portuguesitos caracolitos?

1 comentário:

patricio branco disse...

nao estava em causa o nome do ministro...alem de que é uma personalidade do ps