30 agosto 2011

Assim, isto degrada-se

Pois que política externa há? Tanto pelo mundo e Portugal deitado, como no antigo mapa. Não passamos do abrir embaixadas, fechar embaixadas, abrir consulados, abrir escritórios, fechar os olhos à realidade, orar prostrados no virtual sem sentido feito assim. Não há uma guinada para o mérito e competência; não há posições claras, atentas e de interesse para o Estado; não há firmeza para impor tolerÂncia zero nas questões de transparência; não há medidas seguras de gestão da máquina (gente sem fazer nada, gente que não sabe se pode continuar a fazer, gente que vai impreparada; a carreira entupida; os funcionários exasperados; muito motorista encostado à espera do vai para ali, a x-horas ali; os sistemas informáticos descoordenados; a informação institucional entregue a expediente ou a expedientes; conselheiros na disponibilidade que podiam e deviam ser ministros; ministros que ascenderam e o que deviam era regressar a adidos; ali o grupo do todos ao molho e fé em Deus; acolá o grupo dos calados porque3 um simples ai dá punição difusa na progressão e inviabiliza a colocação possível; a jogada formal a mandar na casa; processos que nem se imagina e manobras dilatórias nos tribunais; o conselho diplomático em clube de amigos; a associação na semi-clandestinidade; o Camões visto como bocado de cortiça a boiar por gente que nunca leu um livro de cultura nem sabe o que é isso; a cooperação no dia-a-dia; o bilateral reduzido ao próximo périplo; o multilateral sinónimo do momento em que é oportuno fazer figura de proa. Sabemos que já vem de trás, mas passou maio, passou junho, passou julho, acaba agosto e até Cristo percebeu que os seus milagres não teriam credibilidade se fossem feitos na rentrée política para aparecer nas primeiras páginas dos jornais dos fariseus.

2 comentários:

JoanMira disse...

Perdão por me imiscuir, em bicos de pés, por detràs das excelências; nohs, simples operarios não diplomaticos a puxar carroças cheias de calhaus! (alguns com olhos); alguns, depois de 35 anos de carreira são votados ao desesprezo e ja nem lagrimas têm...de desespero

Adelo disse...

Um brilhante retrato. Até parece feito por uma Mosca de Job inteligente. Sim!.. há moscas mais inteligentes que certa gente.