25 agosto 2011

Foi a opção de Portas

Para resolver a questão do "porta-voz", Paulo Portas tinha várias opções: deixar isso ad libitum, como alguns ministros deixaram confiantes na sua exclusiva loquacidade; nomear alguém do gabinete ou no gabinete (adjunto ou assessor) assumida ou sugeridamente para tal função, portanto de sua confiança pessoal e política independentemente da capacidade técnica e diplomática (duas coisas distintas e nem sempre coincidente); ou agarrar no Gabinete de Informação e Imprensa, estrutura do Ministério, fazendo-o rumar para Gabinete de Porta-voz do Ministério (que é mais do que o gabinete do ministro). Entre as três opções, Paulo Portas escolheu mais ou menos o mesmo que Freitas do Amaral fez: nomeou um porta-voz no gabinete, com o invólucro formal de assessor de imprensa (função de que o gabinete, por sageza política, precisa mas que não é, nem por sombras, correspondente ao perfil funcional do porta-voz, não temos que ensinar o padre nosso ao cura).

Ora, é daquelas leis mais que sabidas, a função faz o órgão. E lá voltamos a ter a função, mesclada com outra, a anular, inibir e por certo a instruir o órgão talhado para tal função que assim fica desarticulado, com um diretor de serviço a fazer figura de prateleira, a cumprir calendário para o próximo posto, para seu bem sem levantar ondas, integrado na secretaria-geral a quem reporta, competindo-lhe eufemisticamente "promover uma política eficaz de comunicação e de relações públicas" que será o mesmo que, afinal o porta-voz do gabinete deve fazer porque se não fizer, será despedido, e por isso tem que fazer pela vida (telefonar à Lusa e escolhar a melhor abertura de telejornal, será a principal tarefa).

Com certeza, confiança na máquina em geral, mas desconfiança no seu funcionamento em particular.

1 comentário:

Anónimo disse...

Porta-Voz não é pior nem melhor do que o foi, no passado, dentro do género, Carneiro Jacinto.
Mas é pena que o Gabinete de Imprensa tenha sido reduzido a um mero antro burocrático. E que diplomatas como o brio de uma Ana Zacarias ou de um Marcello Mathias não o sejam agora utilizados e adormeçam numa prateleira. É que convinha mostrar que Portas existe e que o Ministério não é teleguiado a partir da Gomes Teixeira.