28 outubro 2011

ARGUMENTÁRIOsZ Pedro Rolo Duarte.

Z Do blogue de Pedro Rolo Duarte:
Por causa do post de ontem, onde “evocava” a memória desse grande “estadista” que foi José Sócrates, e dos comentários que mereceu dentro e fora do blog, apercebi-me de um fenómeno curioso:
Passamos a vida a criticar os nossos semelhantes – sob a divertida fórmula substantiva “Os portugueses...”, que sempre nos exclui... – dizendo que têm “memória curta”. É por terem “memória curta” que votam sempre nos mesmos, que elegeram Cavaco, que dão vitórias a autarcas corruptos, que aplaudem o mesmo Portas que antes vilipendiaram.
Porém, os que criticam a “memória curta” nacional e a convocam para exigir mudança, ocupam-se agora a limpar o passado recente com a pergunta/fórmula “ai o Sócrates ainda tem culpas?”. Ou mais candidamente: “e não podem deixar o Sócrates em paz?”. Ou misericordiosamente: “Coitado do Sócrates, não o largam...”. Ou militantemente: “ele ía a caminho da missa quando veio a crise e deu cabo de tudo”...
Ou seja: uma vez saído de seis anos da mais lamentável governação, e encontrando-se discretamente a beber capuccinos nas esplanadas de Paris, José Sócrates ganha estatuto de impunidade, torna-se inimputável, e deixa de contar para as contas da miséria em que nos encontramos?
Eu diria que ele continua a fazer parte do quadro. Acho mesmo que ele é um dos protagonistas do quadro.
Mas a nossa extraordinária capacidade de perdão já lhe devolveu a folha em branco, e só passaram seis meses...
É milagrosa, de facto, a capacidade que temos de passar a limpo o passado. Ou visto do lado da realidade crua e triste: nunca vamos aprender com os erros cometidos. Por isso eles se “sucedem constantemente”, como “as ondas do mar salgado”. “Umas trazem peixe, as outras principalmente”.
É por aí que vamos novamente. Bute lá, então. Quanto mais se bate no fundo, mais fundo ele pode ir, não é assim?

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois:é que para se perdoar Sócrates haveria também que perdoar os que o deitaram abaixo, impunemente, e puseram no seu lugar um governo de direita. Quem dentro do PS se andou, quando lhe foi conveniente, a associar-se ao bloquismo e a falar da criação de um partido alternativo ao PS anda calado que nem um rato a ver se o pessoal se esquece. O pessoal não se esquece, nem dos favores pedidos ao Estado.

Jorge da Paz Rodrigues disse...

Volta Sócrates, se és homenzinho! Uns para te perdoarem outros para te responsabilizarem pelo "buraco atrás de buraco" em que nos meteste desde 2005...