Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
02 outubro 2011
Barroso, discurso da sobrevivência
Daqui e dali nos perguntam qual o motivo do silêncio das NV quanto ao discurso de Durão Barrooso, aquele, o do "estado da União". Santo Deus Pai das Encóspias! Um modesto blogue, face a tão alto pronunciamento, não tem que ser nem deve ser como que um martelo pneumático. Quem não se recorda dos despiques parlamentares Durão-Guterres sobre a matéria do federalismo europeu? Ainda é preciso martelar isso? Naturalmente que todos têm direito à evolução (Durão evoluiu sempre) mas as evoluções devem ser coerentes, não devem perder o fio à meada. Não se pode ser anti-federalista exacerbado num momento por conveniências domésticas e federalista convicto, depois, na rua por onde se passa no momento conforme aqueles que vêm à janela acenar, da Estónia a Malta. Tem que haver coerência na evolução e para haver coerência é preciso ter um pensamento, uma filosofia política, um norte sem bússula avariada. Ora o discurso de Barroso não foi tanto sobre o estado da União, foi um discurso de sobrevivência. O presidente da Comissão certamente que teve a consciência de que tinha chegado o momento de dizer algo sobre alguma coisa com alguma coisa que parecesse ter alguma profundidade e que, se não dissesse algo, era a sua sobrevivência política que estava a ser posta em causa. E disse algo. E tarde. E fora da evolução. O mesmo já, outrora, tinha acontecido com a lusofonia, mas então, era apenas MNE que é aquele momento em que se pode dizer tudo o que rapidamente todos se esquecem. Mas esse tempo já passou. Como este vai passar. É tarde.
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