Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
28 outubro 2011
Brincadeiras
E então é deplorável que o MNE sopre ou alguém do MNE faça soprar informação falaciosa, talhada para aquele estilo de propaganda, enfim só desculpável no pleito eleitoral que é aquela coisa em que os portugueses já se habituaram a ver a regra do vale tudo. Fora do pleito, essa regra dá mau resultado no meio diplomático e fere mortalmente a seriedade exigível na política externa, na atividade e na ação externa. Um exemplo? Essa das dezenas de embaixadores que, segundo está espalhado, Portas vai nomear numa gesta descrita como grande ação, grande plano, grande e ímpar decisão na história das Necessidades... Se assim fosse, o MNE tinha a obrigação de emitir um comunicado oficial, uma nota oficial, uma declaração oficiosa que fosse a deixar claro logo no título que "Portas vai nomear 30 embaixadores". Não o fez, nem fará. Primeiro, porque é o Presidente da República que nomeia; segundo, porque se vão ser e terão que ser propostos 30 novos embaixadores é porque se deixou vagar postos atrás de postos até se chegar a um panorama de esvaziamento postos e de indefinição de postos; terceiro, porque se correrem mais dois ou três meses sem propostas, não serão apenas 30 os postos vagos, mas 40 ou 50; quarto, o estilo de pleito eleitoral fora de horas e a transformação das Necessidades num laboratório de política, acaba sempre por proporcionar misturas explosivas, desde que a democracia não fique suspensa nem que seja por seis meses. É só isto, que as brincadeiras não agradam a ninguém que seja probo e sério.
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3 comentários:
Deplora-se, e, com redobrada vemeência a miséria do Português: contam-se doze “que” nesse curto e deselegante responso. Magnanimamente, não vou referir o descabido tamanho dos períodos: as subordinadas elaboradas e compostas são apanágio de estílistas como Padre António Vieira e Camilo Castelo Branco. Estou certo que não seria do gosto do nosso a(c)tual Ministro dos Negócios Estrangeiros, cultivador dos bons autores portugueses, e, um dos nossos políticos mais eloquente, ler semelhante prosa.
Quanto à mensagem de fundo, "Portas vai nomear 30 embaixadores", conviria antes do mais explicar qual dos nossos media a transmitiu: para saber se nos podemos regozijar com tão ricas notícias, assim sejam reais....
Causam preocupação os comentários que se lêem desde uns tempos a esta parte nas “Notas Verbais”, e, cuja veracidade parece sobejamente coroborada pelos “ exercícios de identificação de fontes das Notas” de C.A., porque “quem não deve, não teme” , logo, não sente necessidade de secar rumores pouco edificantes na sua própria nascente.
Impõem-se medidas de salvação, como uma “desinfestação geral” do MNE, ou para falar à moderna, uma “reestruturação profunda” dos responsáveis.
Os militares referem nos termos mais elogiosos a passagem do nosso ministro Paulo Portas no respe(c)tivo ministério, também nós carecemos de tratamento urgente, por isso:
“Acode e corre depressa, Portas, que se não corres,
Pode ser que não aches quem socorres.”
Uma revista publicada ao Sábado constrói-se assim, no mesmo número: página 2 dá-se conta dos progressos numa ordem veneranda e discreta; página 24 um ex-embaixador diz que só conta a vida íntima se, reciprocamente, o jornalista lhe confiar a sua; por fim, coroação, dá-se conta do activismo de um chefe de gabinente de um ministro sem pasta. O que é que a projecção pessoal tem que ver com as denúncias, os lustros e as obediências? Compre quem quiser.
Essa referência às confidências mútuas entre ministro e jornalista, talvez signifique que é indiferente denunciar ou não, porque “os cães ladram e a caravana dos boys do MNE passa” .
Permito-me discordar. Se lançaram térmitas famintas no encalço dos autores dos rumores é que a conversa incomoda. Já pensou se, enfastiado com tantos ruídos, o novo “grande chefe”, bom conhecedor da história dos USA, aplicar a receita americana para apanhar o famoso Alcapone? Convidar um fisco independente, a comparar meticulosamente as entradas declaradas com os haveres reais das figuras mais controversas. Não foi fácil, o velho Al, hábil estratega, havia distribuído a gente dele nos lugares “chave”... mas os Americanos conseguiram.
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