Estou atónito, ouviu. Atónito. Digo-lhe mais. Estou estupefacto. Acho que posso mesmo dizer que estou chocado. E olhe que não é fácil. Nem consigo bem exprimir o que sinto tamanha é a minha admiração em relação ao que descobri esta manhã. O meu caro já tinha aflorado este tema há umas semanas. Mas é mais grave do que eu julgava. Ao fim de 128 dias de governo, o meu sucessor Sacadura Cabral ainda não delegou competências em ninguém. Não foi só no Secretário de Estado José de Almeida, como referiu. Foi também nos Secretários de Estado Neves Brites e Gubert Morais. Pelo que me dizem existe ainda uma Subsecretária mas como não encontrei referências dela no sitio internet (diz-se assim, não é?) do Ministério Dos Negócios Estrangeiros, presumo que ela não tenha personalidade jurídica na casa. Bom, mas o pior, meu caro, é que nem no meu colega Taveira da Cunha, ele delegou competências. Com seiscentos diachos, o homem está de saída do cargo de Secretário Geral mas merece algum respeito. Ter que ir a despacho com o ministro por assuntos de gestão da casa não é uma forma digna de despedida. Só vejo duas explicações possíveis: ou meu sucessor Sacadura Cabral não tem confiança nos dirigentes da Secretaria de Estado ou então tem uma incontrolável tendência controladora. E nesse caso, meu caro, deixe-me dizer-lhe, acho que vou passar a tratá-lo por sucessor do meu sucessor Sebastião José de Carvalho e Melo. Mas quero que saiba uma coisa, meu caro. É que nem no tempo dele. Nem no tempo dele.
Ministro Plenipotenciário Marco António
2 comentários:
Preocupante também a existência de instruções para não haver intromissão na gestão feita pelo Paulo Portas no MNE. Trata do seu feudo, deixa o aliado Primeiro Ministro em paz, mostra-se intransigente quando timidamente alguém lhe faz uma sugestão, não presta contas a ninguém. Anda num rodopio pouco convincente, desmantela e desorganiza (rede, professores,etc) numa postura autista crescente. Arrogância, sentimento de superioridade e autoridade cega marcam os seus primeiros meses de governação. Mal de nós todos, da imagem de Portugal e da sua influência no estrangeiro.
Resumindo: não delega nem deputa.
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