Diplomacia portuguesa. Questões da política externa. Razões de estado. Motivos de relações internacionais.
19 outubro 2011
A falta de rumo dá nisto
Manifestação em Andorra contra o fecho da representação portuguesa, protestos em Frankfurt e o mais que se verá. Quem não sabe que há anos e anos, volta e meia, é o abre e fecha embaixada, o abre e fecha consulado, sem que feche quando se julga e abrindo quando menos se espera, por vezes abrindo num quarto de hotel? Quem não se recorda do caso da embaixada da Namíbia que, passados meses de encerrada oficialmente, mantinha o embaixador pendurado sem saber o que fazer ao edifício, aos móveis e arquivos? Volta a velha história mas agora com atropelos, trocas e delongas dos decisores. Num dia há um plano de reestruturação, no dia seguinte diz-se que não plano nenhum e que os encerramentos vão ocorrer caso a caso após aturado estudo, mais um dia passado anuncia-se uma nova rede, pouco depois o decisor ao lado garante não existir nenhuma decisão relativamente a qualquer encerramento de qualquer posto ou qualquer embaixada, e ainda estão quentes as palavras surge um embaixador que não mente a dizer ter recebido ordens para encerrar as instalações e fechar os serviços que chefia até ao final de dezembro, depois lá vem outro decisor dos máximos a explicar que serão mantidas as embaixadas e consulados da "nova rede" por critérios da diplomacia económica ou quando muito dos emigrantes e que cada missão não terá à porta tanto a bandeira portuguesa mas a bandeira económicas e que lá dentro será uma mostra de produtos portugueses, uma armaria de caça ao investimento e um escritório de solicitador das empresas... Infantilidades sobre infantilidades, visões empíricas sobre visões empíricas, a ausência de rumo. Dia após dia que os dias passam rápidos, semana após semana que uma semana sem rumo parece um ano sem rei nem roque. Enquanto isto, o ministro viaja para reunião com o seu homólogo Xis, troca de impressões com o dirigente Ípsilon ou conferência em Londres para explicar que o caso português é diferente dos outros casos; o secretário de Estado viaja para a Academia do Bacalhau e sessões de prémios, os adjuntos viajam nem se sabe para onde e para quê; depois do tal relatório que não relatou absolutamente nada de coerente e útil para uma governação séria, a AICEP fica aqui, não, fica ali, melhor fica dividida com metade aqui metade ali, estando tudo dependente de um terço de cada metade, desconhecendo-se quem vai tutelar o quê e por isso mesmo o ministro não delegará poderes pois também não saberá com que poderes ficará para delegar, com os secretários de Estado à espera e a máquina paralisada, já que, assim por dizer, um mero papel de requisição de sabonetes deverá ir a despacho. Tudo à espera do momento mágico da revelação, que há semanas é anunciada para "dentro de dias". Falta de rumo.
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2 comentários:
No MNE, a bem dizer, nunca houve um rumo. Ia-se fazendo Política Externa ao sabor dos eventos, por reacção, ou seguindo as decisões da UE, ou, por vezes, timidamente, tomando iniciativas para proteger alguns interesses da Pátria.
Amado e antecessores não deixaram marca e agora esta nova Tutela não só está limitada por razões orçamentais, como não tem rasgo.
E assim vai o MNE. Como sempre.
Rilvas
Agora descobriu-se um verdadeiro ovo de Colombo: a diplomacia económico. Era preciso era não esquecer que andámos a convencer outros que éramos bons na partilha dos Valores e por isso fomos eleitos para o Conselho de Segurança e vamos para os Direitos Humanos da ONU. Isso agora é tudo para esquecer até à próxima veneta?
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