20 abril 2013

Amizades, nem sempre negócios à parte

Agora são mais discretas. Houve tempo em que as associações de amizade de Portugal com qualquer canto do mundo não é que se encontrassem em todas as esquinas, mas moravam nas principais travessas. Cada qual visava estabelecer "uma ponte" entre a margem portuguesa e outra margem simpática. Algumas dessas associações, com sopro de defesa de regimes políticos questionáveis, caso da anterior Albânia por exemplo, esvaíram-se quando os regimes se alteraram, desconhecendo-se para onde foi tanta amizade. Outras, cada vez menos, continuam imperturbáveis, com a amizade a recobrir violações de vária ordem, muito embora, talvez por pudor, não tenha sido criada uma amizade associativa com a Coreia do Norte. Outras ainda andaram ao espavento ao sabor de negócios e de grupos de homens de negócios, muitas tendo recolhido a quartéis quando os negócios deram para o torto ou se descobriram cruzados interesses pouco recomendáveis, algumas também quando invocadas lutas desapareceram sob a ruína de regimes derrotados por aragem democrática. Chegou a haver ninhos de associações. E algumas integraram ou figuram ainda em redes. Diz-se, por exemplo, que Cuba conta com umas boas duas mil associações de amizade em todo o mundo, não fugindo Portugal à rede. Não se questiona eventuais boa intenções, muito menos a legitimidade. O que se questiona são os resultados, as finalidades de tantas "pontes" de Portugal para qualquer outra margem. Muito para além da amizade, valor sempre defensável desde que a amizade não seja acrítica, revelando-se pelo contrário instrumento de subserviência a interesses mais confusos que difusos, algumas dessas associações fazem para-diplomacia de conveniência, outras são mera decorrência agradecida de ligações partidárias internacionais, outras ainda vivendo do oxigénio turístico dos corredores parlamentares ou não passando da amizade de mim com eu, havendo uma ou outra que esforça para tapar lacunas de informação. É o caso, por exemplo, da Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental cuja mais recente ação foi divulgar o Relatório do Centro Robert F. Kennedy para a Justiça e Direitos Humanos relativo a essa região do Norte de África.

1 comentário:

Anónimo disse...

Essas associações, na sua maioria, andam a reboque das modas. Fazem parte do folclore nacional. Mas também há algumas que servem para que embaixadas estrangeiras mostrem serviço às respectivas capitais...