02 maio 2013

Concurso, bons almanaques

... nem se percebe porque é que, por entre o enunciado da prova de cultura geral, não constou uma pergunta sobre a fórmula de Euler, outra sobre se a Berlenga Grande tem 0,788 km2 ou isso mais dois palmos de testa, e ainda outra pergunta sobre se a data de aniversário do ministro dos Estrangeiros é antes, coincidente ou depois da data do das Finanças... Com tais perguntas, em vez dos 44 apurados, ficariam exatamente e apenas os 20 necessários para o preenchimento das vagas.

É evidente que o enunciado feito por Letras, cujos catedráticos, assistentes e alunos, em seguramente em 97%, não sabem concertar um casquilho fundido, é um monumental disparate como prova de "cultura geral". Uma prova de Cultura Geral não é charadismo e para respostas ao calhas. É um amontoado de perguntas de almanaque, desses amontoados próprios para concursos de TV. Selecionaram-se almanaques.

4 comentários:

Anónimo disse...

A Faculdade de Letras sai chamuscada com esta prova. O MNE fez bem em recorrer a uma entidade não comprometida com o negócio de ensino que anda colado a este tipo de concursos. Agora é uma tristeza que a Faculdade de Letras tenha elaborado um enunciado folheando ao acaso a Enciclopédia Luso-Brasileira...

Anónimo disse...

O que se diz aqui é verdade. Os profs de Letras sabem tanto de electricidade como alguns deles até de História de Portugal! A maioria nem sabe mudar a roda do automóvel.

Anónimo disse...

Então não bradaram todos aos céus que queriam uma prova de cultura "geral" mais voltada para as relações internacionais?? Foram as preces atendidas, e vejam a asneira que daí resultou!
AT

Anónimo disse...

AT,

Creio que o que se queria eram questões mais voltadas para as Relações Internacionais e História, sem no entanto algumas destas serem mal estruturadas (como uma sobre a U.E. cujo leque de respostas continha 2 igualmente certas), rebuscadas e desnecessárias a futuros jovens adidos, e muito menos acompanhadas de """"relações internacionais"""" sobre pintores e afins sem relevância histórica duradoura. Questões que infelizmente ocuparam o lugar potencial de temáticas bem mais interessantes e que efectivamente poderiam mostrar uma visão macro sobre cultura.

E a sério que havia somente uma questão sobre composição musical e arte europeias (em termos de peças e associação a autores)? Tenham dó.

Diga-se de passagem que o outro teste era muito pior que este. Não culpe o "atendimento das preces" como causa da "asneira", isso é francamente pueril da sua parte.

A "asneira" é toda a estrutura mal formulada e mal idealizada deste teste que não devia ser de escolha múltipla ad inicium e, atrevo-me a dizer, não deveria sequer existir nesta fase do concurso. É desnecessário. Não prova nada a não ser precisão de almanaque e/ou uma elevada inclinação para probabilidades favoráveis em opções de acaso. Bloqueando, desta forma, qualquer acesso ao resto do concurso a muitos jovens com um elevadíssimo potencial para a Diplomacia, demonstrado nos seus currículos, envolvimentos, experiência profissional e capacidades académica e intelectual; mas que simplesmente não possuem as características enciclopedistas aparentemente tão essenciais.

A verdade é que este teste não beneficiou em nada o próprio concurso nem o potencial diplomático português. 44 Candidatos quando ainda restam 5 provas? Por favor. Era aceitável se tivesse ocorrido na prova de conhecimentos e/ou línguas. Não o é com tamanha ‘trapalhada’ de teste.

Agora fará parte da preparação para o concurso a ida a um Bar Quizz ou outro? Ou simplesmente reunir suficientes experiências de aprendizagem de circunstância? Não me parece muito adequado.

Tudo isto foi uma má ideia. Pedirem aos candidatos para discursar sobre um movimento artístico, movimento literário, país ou civilização da sua preferência, durante uma entrevista/oral, teria servido o alegado propósito deste teste de forma bem mais cabal.