18 maio 2013

Diplomacia Cultural

Nuno Júdice que não é humorista, não é apresentador de televisão, não é contador de historietas brejeiras, não é vendilhão dos cinco sentidos, não é vedor de notáveis, não faz redações colegiais votadas aos elogios de quem não leu um livro até ao fim, e não é capacho de poderes e comitivas, porque não é nada disso – é poeta, grande poeta, reconhecido poeta entre os maiores – foi galardoado com o Prémio Rainha Sofia de Poesia ibero-americana pelo conjunto da sua obra poética, desenvolvida há mais de três décadas, e que, segundo realça o júri, constitui uma contribuição relevante para o património cultural ibero-americano.

O prémio é atribuído desde 1992. Até agora, por entre poetas portuguesas, apenas Sophia de Mello Breyner fora galardoada, em 2003. Nuno Júdice é o 22.º poeta a ser premiado, por entre vultos como João Cabral de Melo Neto ( Brasil, 1994), Mario Benedetti (Uruguai, 1999), José Antonio Muñoz Rojas (Espanha, 2002), José Emilio Pacheco (México, 2009), Fina García Marruz (Cuba, 2011) e Ernesto Cardenal (Nicarágua, 2012).

O Prémio Rainha Sofia de Poesia insere-se no âmbito do Acordo-Quadro de Cooperação Cultural entre a Universidade de Salamanca e do Património Nacional, designação dada em Espanha a um organismo público que, sob o Ministério da Presidência do Governo de Madrid gere os bens de propriedade do Estado. Simbolicamente tem o nome da Rainha Sofia, alegadamente pela sensibilidade literária que ela demonstrou e pela sua vontade expressa de reconhecer a difícil e sublime escrita que é a poesia.

Nuno Júdice foi conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris, numa época em que, sem continuidade, Portugal apostava em figuras credíveis e consolidadas para ancorar a ação e atividade cultural externa (Eduardo Prado Coelho, Maria Velho da Costa, Eduardo Lourenço e João de Melo, entre outros). Foi uma época.

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