01 junho 2013

Eclipse

Este XIX Governo Constitucional perfaz dois anos em 21 de junho, na sequência dos resultado eleitorais de 5 de junho de 2011. Além das linhas gerais que constam no programa de governo, não se conhece qualquer pronunciamento de fundo quanto a política externa e quanto aos rumos da ação e da atividade diplomática. E na política europeia, o assunto tem-se esgotado em declarações circunstanciais do Primeiro-Ministro, quando a agenda do Conselho Europeu torna isso inevitável. O Ministro do Negócios Estrangeiros, até agora e nestes dois anos, tem optado pela ausência das reuniões do Conselho da União Europeia, fazendo-se substituir sempre pelo Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Europeus que parte sem que se saiba o que vai dizer ou defender e chega sem que se conheça alguma afirmação portuguesa de monta, autónoma ou concertada. Admita-se que é uma estratégia, mas o laboratório desta estratégia tem sido uma assombrosa perda de iniciativa e de protagonismo da diplomacia de Lisboa. Com a diplomacia económica inicialmente colocada no papel de campeã da atividade externa, virando quase obsessão mas pouco a pouco reduzindo-se aos humores bilaterais e não raro por estes ficando condicionada, o MNE perdeu, nestes dois anos, o rótulo matricial de departamento governamental que tem por missão formular, coordenar e executar a política externa de Portugal.

Pelas circunstâncias que o País vive e o Estado prefigura, o centro dessa formulação, coordenação e execução deslocou-se para o Ministério das Finanças que tornou reféns os itens da política interna e externa, à exceção da parte protocolar, com o formidável trunfo de resgatar o Estado que, cedo, de fracasso em fracasso e de erro em erro, também deixou de ser um resgate do Estado para ser resgate de Portugal. Fez-se acreditar que a voz de Portugal na Europa, nessa chance de resgate tão complexamente vital para o progresso e o bem-estar de todos os portugueses, poderia ficar resolvida no diálogo simplista e reciprocamente elogioso entre o nosso santo guerreiro e o dragão alemão das Finanças. Nada mais falso para a política europeia de Portugal.

Mesmo que o governo cumpra a legislatura, é quase utópico pensar-se que o MNE recupere o tempo perdido e saia do eclipse.

3 comentários:

Anónimo disse...

Portas limitou-se aproveitar o nicho do Fundo de Exportação deixado vago pelo antecessor, economista, agora que António Miguel Morais Barreto já não tutela o Comércio Externo. Quanto ao resto,sendo de Olhão e jogando no Boavista, rapidamente percebeu que não rende votos fazer declarações sensaboronas depois de um Quené, de que se faz acompanhar pelo novíssimo SNACK, mas mais vale bater no peito pelo pessoal da pesada e renegar a TSU e implorar à FENPROF, em tempo de exames, tende piedade de nós. Nós alunos. Não da Moderna, que não é a "minha praia".

Anónimo disse...

Este MNE não existe. PPortas, depois de dois anos no governo não deu uma única entrevista. Não se conhece qualquer pensamento seu sobre politica externa. Não aparece em Bruxelas. A sua sub-secretária de Estado não dá sinal de vida, o que faz ela? Qt custa ao Estado? Já agora o novo secretário de Estado Almeida Leite, o que anda a fazer? É mais um para se eclipsar. Este MNE não fica para a história.

Anónimo disse...

Um programa de politica externa exige operacionais com conhecimen-tos politicos,linguisticos e meios economicos para executar o progra-ma.O MNE assenta no binomio do AICEP e no CAMOES,instituicoes qua-se irrelevantes no contexto actu-al,muito embora mostrem que fazem.Por tudo isso nao se deve responsabilizar o MNE que e apenas o treinador da equipa.Os diploma-tas tambem sao o que sao,salvo raras excepcoes,ou seja,sao pura e simplesmente burocratas,sem imagi-nacao,sem alma e sem capacidade para criar sinergias.E as comunida-des portuguesas que poderiam aju-dar a promover Portugal tem sido colocadas no limbo.O dia 10 de Junho e a imagem desta politica externa que nao pode ser assacada so ao Dr.Paulo Portas.