12 outubro 2015

Donald Tusk meteu-se onde não é nem foi chamado

Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu desde 2014 até 2017, mal conhecidos os resultados não-oficiais das eleições portuguesas, longe de estar indigitado um primeiro-ministro e sem que alguém soubesse aonde é que iria desembocar uma solução governativa num quadro complexo, o que fez ele? Logo no dia 7, emite um comunicado em nome do Conselho Europeu, a felicitar citadamente Pedro Passos Coelho "pela sua vitória nas eleições", opinando que tal vitória "abre caminho para o seu segundo mandato como Primeiro-Ministro".

E depois de uns considerandos mais próximas de opiniões livres de café que até podem ser defensáveis mas não naquele dia partindo de um Presidente da UE, Donald Tusk diiz mesmo que "é com grande prazer que espero continuar a trabalhar em estreita colaboração com Vossa Excelência e desde já lhe dou as boas vindas ao Conselho Europeu de 15 e 16 de Outubro próximos". nda em Portugal a procissão ia no adro. Mais grave: Donald Tusk, como lhe competiria, nem uma única vez se congratula pelo civismo que marcou as eleições portuguesas, nem uma palavra de bom sentimento dirige ao eleitorado e aos valores democráticos que revelou - os valores da tolerância pela divergência, designadamente por parte do eleitorado sacrificado por uma Europa que se descaracteriza de dia para dia, sem que os portugueses percam a esperança de emendar caminho.

Pouco faltou para Donald Tusk substituir-se a Cavaco Silva e indigitar o primeiro-ministro, diabolizar tudo e todos os que pessoal ou politicamente não lhe são convenientes, prosseguindo uma cultura de arrogância que está nos antípodas do que a Europa deve ser e que ele, como polaco, sabe que não existiu quando a Polónia bem precisou de uma Europa tolerante e respeitadora de valores. Como Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk não só falou antes do tempo, como cometeu um enorme erro no qudro do que podemos designar por "diplomacia e política comunitária". A mensagem de felicitações de Donald Tusk, de comunitária não tem nada. E se o primeiro-ministro a indigitar for outro que não Pedro Passos Coelho, independentemente do que cada um pense sobre a bondade da solução? Qual poderá ser a cara de Donald Tusk? E porque não felicitou também o "compagnon de route" ,Paulo Portas, a quem o primeiro-ministro indigitado por Donald Tusk muito ficou a dever pelos lances mais atrevidos e ousados, se não até intimidatórios, dos tais que capturam infalivelmente votos? A mensagem de Donald Tusk, a não ser que a versão pública tenha sido apócrifa como recentemente ocorreu no caso de Espanha/Catalunha, é imprópria de um Presidente da Europa.

Para que conste:


 Felicitações do Presidente Donald Tusk ao  Primeiro-  Ministro de Portugal, Pedro Passos  Coelho
 07/10/2015
 15:00
 Comunicado de imprensa
 708/15 


Em nome do Conselho Europeu, venho felicitá-lo pela sua vitória nas eleições em Portugal, vitória essa que abre caminho para o seu segundo mandato como Primeiro-Ministro. Os recentes resultados económicos portugueses e estas eleições vêm demonstrar que o programa ambicioso de reformas económicas e as medidas aplicadas para garantir o equilíbrio das contas públicas que o seu governo tem vindo a executar durante os últimos quatro anos deram resultado.

Espero que nos próximos anos Portugal possa beneficiar da necessária estabilidade política para enfrentar os desafios que se perfilam no horizonte.

Estou convencido de que, sob a sua direção, Portugal vai continuar a contribuir para o desenvolvimento da União Europeia. Portugal e toda a União Europeia precisam de uma sólida recuperação económica que crie emprego e prosperidade, de concretizar a união monetária e de dar uma resposta firme aos desafios decorrentes da migração e das ameaças geopolíticas.

É com grande prazer que espero continuar a trabalhar em estreita colaboração com Vossa Excelência e desde já lhe dou as boas vindas ao Conselho Europeu de 15 e 16 de Outubro próximos.

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