10 abril 2017

Críticas a Guterres. Leviandade e omissão

Sherine Tadros, chefe do escritório da Amnistia Internacional junto da ONU há um ano, acusa o secretário-geral António Guterres de “completa inação” no caso do Iémen, de pouca assertividade na questão dos colonatos israelitas, e, na questão da Síria, considera que "está por ver como é que ele poderá ajudar a unir o Conselho de Segurança". Portanto, para Sherine Tadros, britânica de origem egípcia, Guterres é um desapontamento.

Desconhece-se se esta posição de alguma maneira reflete ou reporta a avaliação que a Amnistia Internacional faz do secretário-geral da ONU, ou se é mera opinião pessoal. Seja como for, os juízos de valor expostos por Sherine Tadros tocam a leviandade e a omissão. Leviandade porque centram no secretário-geral uma crise sem precedentes em que a ONU pode ficar mergulhada, em função do quadro internacional que as potências do veto traçam em função de interesses unilaterais. E omissão, porque a "união" do Conselho de Segurança não depende do secretário-geral mas, pelo que tem vindo a desenhar-se desde janeiro de 2017, decorre dos livres arbítrios sobretudo dos EUA, Rússia e China que os respetivos líderes protagonizam.

Não está em causa o passado profissional brilhante de Sherine Tadros como correspondente da Sky News e da Al Jazeera, nem está em causa o seu conhecimento do Médio Oriente e questões conexas. O que está em causa é a omissão e a leviandade da chefe do escritório da Amnistia Internacional, porquanto Trump e Putin estão a revelar-se um extra-programa preocupante seja qual for a composição do Conselho de Segurança, e gradualmente pondo em risco a Carta das Nações Unidas, fosse qual fosse o secretário-geral em funções. Desta vez, Sherine Tadros fez uma péssima reportagem, ao não ver as causas que partem de uma hostilidade quase militante ao multilateralismo, e, como se depreende, ao não querer ver os efeitos de uma procissão que ainda vai no adro mas que oxalá pare.

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