08 outubro 2003

Avaliação de Martins da Cruz (I) - Os Secretários de Estado

O que Maria Teresa Pinto Basto Gouveia deverá ter que substituir.

Não sendo Martins da Cruz um Homem das bases ou do aparelho do PSD, encontrava-se no Governo por obra e graça de Durão Barroso, de quem era amigo pessoal.

  • Foi, porém, obrigado a aceitar dois Secretários de Estado: José Cesário - o homem de Viseu - e Carlos Costa Neves - o homem dos Açorespolitique oblige.

  • Tanto quanto se sabe, Lourenço dos Santos terá sido uma escolha pessoal de Martins da Cruz , em abono da verdade, a única.

  • Deus Pinheiro se vira obrigado a “aceitar” Durão Barroso, na altura representante dos jovens turcos do PSD, como Secretário de Estado; a aceitar Correia de Jesus, pelo lobby madeirense para as comunidades e, ainda, Vítor Martins, pelos seus conhecimentos técnicos para área da integração europeia.

  • Em certa fase do percurso, Deus Pinheiro, insuportavelmente pressionado pela dupla Durão Barroso - Martins da Cruz (o primeiro nas Necessidades e o segundo em S. Bento) vai buscar Ivo Cruz, ao que constou seu cunhado, para Subsecretário de Estado – uma mera invenção de Pinheiro para os assuntos administrativos – para dispor de um «Director-Geral» com sinal mais, uma vez que se sentia isolado e com razão ou sem ela (provavelmente, com) assumia a teoria da conspiração. O ódio de estimação de Pinheiro a Martins da Cruz e Durão Barroso era bem conhecido.

  • No Congresso do PSD, de 1994, no Coliseu dos Recreios, – o que elegeu Fernando Nogueira, como Secretário-Geral do Partido -, chegou a dizer, em alto e bom som, perante as câmaras de TV, mimos sobre o actual PM o que Maomé não diria sobre o toucinho. O célebre episódio da manta da TAP (i.e. de uma manta que Deus Pinheiro se teria alegadamente apropriado num voo Nova Iorque-Lisboa e que se veio a provar em tribunal ser uma atoarda destituída de fundamento), terá sido, na versão de Deus Pinheiro, devido a bocas da citada dupla ao «Independente» do então jornalista Paulo Portas. Hoje, está tudo nos conformes: a dupla desfez-se; Portas está no Governo (e recomenda-se) e Deus Pinheiro, com o seu ar patriarcal, está encarregado de estudar a quintessência da função pública. Tudo numa boa!

  • Já Anaximandro, pensador pré-socrático, sugeria: quer com Cavaco, quer com Barroso, os assessores diplomáticos es quien todo lo manda, no primeiro caso de outrora, Martins da Cruz, no segundo actual Nuno Brito. São eles as verdadeiras éminences grises da política externa portuguesa, as emanações de SEXA, o PM. Os Ministros são, na prática, uns verbos de encher e relegados para posições de quase subalternidade.

  • Martins da Cruz foi, in illo tempore, instrumental no afastamento de Pinheiro para a Comissão Europeia em Bruxelas e na ascensão de Durão Barroso a MNE. Se Nuno Brito foi ou não instrumental na queda de Silveira de Carvalho, o mega-DG de Martins da Cruz, e terá tido uma influência determinante na derrocada deste último, mau grado os fortes laços de amizade PM-ex-MNE (bom, bom, contra factos, hoje conhecidos, não há argumentos), foi a razão última do questionário que lhe foi oportunamente proposto mas a que, obviamente, não estava obrigado a responder. Por isso, nem o nosso direito inalienável à opinião, o pode substituir nas respostas.

    (Parte de uma tese de mestrado sobre o Direito Fundamental dos Jornalistas à Divulgação, purgado da lei, com toda a insensatez, pelo dr. Arons de Carvalho)
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