09 outubro 2003

Avaliação de Martins da Cruz (II) - Director Político e Secretário-Geral

O que Maria Teresa Pinto Basto Gouveia vai encontrar.

Encontra a ex-equipa de Martins da Cruz e já agora descemos uns degraus. As referências de NV a Silveira de Carvalho são, tanto quanto se sabe, exactas e é manifesto que não têm nada que ver com o que perora para aí Ana Gomes, que ainda não se apercebeu que fazer política a sério, mesmo na Tugalândia, não tem nada que ver com uma RGA do seu tempo da Faculdade de Direito

  • A questão da substituição de Silveira de Carvalho era complexa e com inegável significado político.

  • Martins da Cruz deixou cair um amigo de sempre, Silveira de Carvalho, para ter de aceitar Fernandes Pereira, actualmente embaixador em Pretória, que lhe foi imposto pelo próprio Primeiro-Ministro. As relações Martins da Cruz / Fernandes Pereira desde os tempos de infância (são contemporâneos de colégio, da faculdade e da entrada no MNE) não são boas e adivinhava-se um período turbulento nas Necessidades, uma vez que o importante cargo de Director Político transitaria para um homem da confiança de Durão Barroso (que, aliás, já serviu, fielmente, no passado, como Director-Geral dos Assuntos Comunitários), desconhecendo-se os termos da negociação - se negociação houve - entre o PM e o ex-MNE (na aparência foi um diktat).

  • Mas vejamos outros casos. O Secretário-Geral, Rocha Páris, é uma personagem apagada e foi um verdadeiro factotum de Martins da Cruz. Nunca integrou, porém, o círculo de amigos mais íntimos do ex-MNE, de que, aliás, muito poucos fazem parte. Não se tratou de uma primeira escolha do antigo titular dos Negócios Estrangeiros, mas alguém que este teve de aceitar por razões meramente circunstanciais, ou seja pelo tradicional peso da corporação e das práticas da «casa», isto numa primeira versão, porque numa segunda versão - e aqui, mais uma vez, vêm à tona de água as teses de NV e que se submetem a arguição -, por vontade expressa do Primeiro-Ministro.

  • As relações de Rocha Páris com a Secretária-Geral Adjunta, Maria do Carmo Allegro, bem conhecida como a contestatária de serviço no Palácio das Necessidades, são péssimas, de tal forma que aquela se viu na contingência inédita de ter de formalmente renunciar às funções de membro eleito do Conselho Diplomático (órgão decisor das promoções, transferências e colocações do MNE - a que a «casa» atribui a maior importância). Carmo Allegro era tida como uma pequena voz de esquerda moderada, numa equipa marcadamente à «direita» (já lá vamos) e que nem sequer incomodava muita gente. Faltava-lhe e falta-lhe bom senso - a recente entrevista ao Notícias Magazine é um bom exemplo. Está hoje silenciada e em parte por se ter ela própria auto-amordaçado. Escusado será de dizer que o ambiente na Secretaria Geral é de cortar à faca.

    (Parte de uma tese de mestrado sobre o Direito Fundamental dos Jornalistas à Divulgação, purgado da lei, com toda a insensatez, pelo dr. Arons de Carvalho)
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