A notícia de que a Espanha à revelia da legalidade internacional e dos compromissos de honra bilaterais «seca» os rios que partilha com Portugal (Pedro Almeida Vieira, in DN de 26/Janeiro) é mesmo verdade, até porque, sobre essa matéria, os espanhóis na sua imprensa espanhola não mentiram a si próprios e por diversas vezes. É verdade.
No entanto, ainda muito antes do Guadiana estar a assemelhar-se a uma valeta da Almirante Reis em dia de chuva miúda, o Palácio das Necessidades - com a perspicaz ajuda dos serviços de informações aos quais bastaria abrir os olhos - tem ou deveria ter a funcionar em pleno e com eficácia, pelo menos três organismos e departamentos:
- a Comissão Internacional de Limites entre Portugal e Espanha, para tratar a sério do que é mais importante;
- a Comissão Luso-Espanhola para regular o uso e Aproveitamento dos Rios Internacionais nas suas zonas Fronteiriças, para não se permitir brincadeiras unilaterais com aquilo que é efectivamente internacional;
- o organismo para o Convénio Luso-Espanhol para regular a Protecção dos Recursos Hídricos nas Bacias Internacionais, onde deveria haver mais justificação para a esgrima e vocação para o florete do que para a diplomacia do croquete.
E então? Pois então…
A Comissão de Limites já com Jaime Gama recebia ordens para fazer marcha atrás (a acta de Évora foi uma desgraça).
A Comissão dos Rios passou a funcionar como se fosse o cabido da Sé de Arronches.
E quanto ao Convénio, bem, o convénio não tem ido além do genitivo das bacias.
No meio disto, vários embaixadores de elevadíssima qualidade profissional foram literalmente humilhados pelos factos, pelos actos e pelas omissões de decisores que reduziram aqueles departamentos e organismos a prateleiras douradas e locais de sinecura.
Madrid obviamente atenta aproveita a lassidão de Lisboa, desconhecendo-se se pelo menos o SIS, para averiguar a verdade da subtracção espanhola da água, está a fazer escutas telefónicas ao Guadiana...
Sem comentários:
Enviar um comentário