19 março 2004

As diplomacias de Genebra

Em Genebra, nestes três dias, não houve muçulmano que, a abrir discurso, não fizesse descargo de consciência pregando que o islão significará «igualdade absoluta entre os seres humanos». Já a Inquisição e antecedentes diziam o mesmo quando queimavam, salgavam... É apenas uma questão de alguns séculos de atraso entre a diplomacia papal de outrora e a diplomacia islâmica de hoje, mas o sofisma é o mesmo - o mesmo vício na premissa maior, igual na premissa menor e idêntico na conclusão.

Foi esse sofisma que o embaixador SHAUKAT UMER (Paquistão) em nome da Organização da Conferência Islâmica, enunciou no Palácio das Nações, indo mais longe: que é uma obrigação do islão pautar-se «pelos valores eternos da paz, da tolerância e do respeito pela diversidade e bem estar de todos, sem distinção de casta, cor e convicção». Sic. NV podem assegurar que as diplomacias de todo o mundo ficaram rendidas a tal profissão de fé, à excepção das da Nigéria, do Irão e da Mauritânia, países que entre outros de longa lista - sabido é - Maomé condenou há muito a não usufruirem do islão.

Mas ainda as palavras do embaixador paquistanês estavam quentes, e já o conhecidissimo e crente ABDELOUAHED BELKEZIZ, secretário-geral da mesma Organização da Conferência Islâmica, voltava a insistiu na tecla . Que «foi o islão que, há vários séculos e pela primeira vez na história da humanidade, introduziu o conceito da igualdade absoluta entre os seres humanos» e que «as tentativas insidiosas visando fazer uma amálgama entre islão e terrorismo têm que ser rejeitadas porque desafiam a razão e a lógica». Sic. E, em Genebra, não houve sequer o uso do direito de resposta pelo Estado da Santa Sé, mesmo que a propósito da incursão de Belkeziz pela história... NV podem assegurar que «a razão e a lógica» no velho Palácio das Nações, estão numa grande e insidiosa amálgama de diplomacias.

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