26 abril 2004

4. Bem-Amado Fundo. Residência Oficial sem contrato escrito...

É verdade. O velho nobre nipónico, proprietário do palacete que albergava o Embaixador Português por contrato outrora meramente apalavrado, morreu e os herdeiros, como sempre acontece, fazem contas à vida.

À falta de um contrato escrito de aluguer da Residência Oficial portuguesa, os herdeiros pressionam o Embaixador para abandonar o edifício, até porque para assumirem a herança teriam de pagar uma quantia astronómica de impostos – os de transmissão, no Japão, são mesmo incomportáveis.

E os herdeiros ditaram: ou o Estado Português exibia um contrato a preceito (que Lisboa lhes dizia haver mas que deveras não existia) com a consequente actualização do aluguer, ou então... rua.

Com diferendo à vista, as partes (Estado Português e herdeiros) nomeiam advogados.

O Embaixador Português estava impedido de dizer aos japoneses que não havia qualquer contrato escrito e o assunto lá se foi arrastando com a desculpa da ordem que se imagina: que o papel está perdido nas Necessidades, lá em Lisboa, no outro lado da Terra, nalguma gaveta do MNE e que um batalhão de funcionários andaria à procura dessa prova legal, tenham paciência, vamos descobrir, tenham calma...

Semanas, meses e os herdeiros do velho japonês já estavam pouco ou mesmo nada convencidos da argumentação portuguesa, quando foram confrontados com uma inesperada condição do representante lusitano: a exigência aos herdeiros do proprietário do palacete da indemnização de um milhão de contos (final da década de 80... façam as contas) para, sem mais delongas, Portugal abandonar, no prazo de dois meses, a nobre casa de Kamiyama-chô.

Fixem este milhão de contos, que é o que interessa para a história do Fundo para as Relações Internacionais.

(Segue)

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