Esperávamos, sinceramente, que a Ministra Teresa Gouveia, hoje, no I Fórum África, organizado pelo Diário Económico, surgisse com um rasgo, com um golpe de asa e com uma proposta galvanizadora. Sabemos que Teresa Gouveia é capaz disso, mas não o fez. Seria o momento exacto para si própria, para a Diplomacia Portuguesa e, em matéria de afirmação externa, para o próprio Governo.
Então como foi o discurso? Foi o óbvio.
Teresa Gouveia dizer que Portugal deve encarar África como «um dos principais destinos de investimento no estrangeiro», é coisa sabida e repetida.
Lembrar que nenhum dos países africanos está nos trinta primeiros destinos da lista portuguesa de investimento directo, é coisa de estatísticas repisadas.
Concluir que «por isso» temos «uma grande margem para crescer e um longo caminho a percorrer no que respeita ao nosso relacionamento económico com o Continente Africano», é óbvio.
Constatar que a África tem feito «progressos inegáveis» a nível político e económico, é simpático sabendo-se o que aconteceu e acontece na África Austral, na África Central, na África Ocidental, na África Oriental e na África do Norte...
Comparar o número de democracias, hoje, em África, com as que existiam há trinta anos, como se isto fosse um exclusivo e concludente mérito africano e não uma consequência forçada pelas profundas alterações mundiais e o fim do bloco soviético, é tornar doce o batuque das relações internacionais.
Aconselhar uma reforma da política de subsídios e tarifas, designadamente os subsídios agrícolas, bem, isso até a América Latina dirá aos africanos no reclamado diálogo Sul-Sul como é óbvio.
E proclamar que «a integração sub-regional é fundamental para um incremento nas trocas comerciais» e outras coisas do género, sinceramente, é coisa que nem Miguel Ángelo desejaria ouvir do Moisés quando lhe bateu no mármore da perna e, sem receio de que as tábuas do Velho Testamento o soterrassem pelo sismo da pancada, lhe gritou: «Parla!»
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