Teresa Gouveia encontrou-se hoje com Embaixadores dos países asiáticos envolvidos no processo ASEM (Asia-Europe Meeting), acreditados em Lisboa. Os países asiáticos comprometidos neste processo são dez: (Brunei, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname), mas apenas metade desses países tem embaixadores residentes na capital portuguesa, concretamente e neste momento quatro: o Embaixador Ma Enhan (China), o Embaixador Hideichiro Hamanaka (Japão), Embaixador Shim Yoon-Joe (Coreia do Sul, em funções desde ontem, terça-feira) e o Embaixador Pensak Chalarak (Tailândia), uma vez que a Indonésia está por destacar o sucessor de Harry Haryono. Os restantes embaixadores acreditados não residem em Lisboa mas em Paris, desconhecendo-se se Teresa Gouveia conseguiu convencer três deles para o incómodo de uma viagem atravessando a Espanha agora sapateiral, como serão os casos da Embaixadora Tunku Nazihah Tunku Mohd Rus (Malásia), do Embaixador Hector Villarroel (Filipinas) e do Embaixador Thambynathan Jasudasen (Singapura), uma vez que o do Vietname, o Embaixador Nguyen Dinh Bin, ainda está meramente designado e portanto não viveu as peripécias da escolta a cavalo de Belém, e o do Brunei é uma incógnita que a Rue de Presbourg da capital das luzes não esclarece, incógnita própria de sultanato, esclareça-se.
Em todo o caso, ao reunir-se com metade ou com menos de metade dos embaixadores asiáticos, Teresa Gouveia fez bem. E fez bem não porque tenha ido recentemente à China e ao Japão onde as safras diplomáticas não foram tão proveitosas como poderiam ter sido se a máquina das Necessidades tivesse trabalhado mais, aprimorado agenda e estabelecido calendários de negociação que proporcionassem o remate da prática de actos bilateralmente significativos – fez bem porque é por aí que as coisas começam ou devem começar.
É claro que Teresa Gouveia, na Irlanda, acaba de participar na reunião anual de chefes de diplomacia do ASEM e que este ano obrigou os 15 mais 10 a gastarem umas calorias dissertando sobre como manter uma ordem internacional assente num multilateralismo eficaz... A reunião ministerial de 2003 foi na Indonésia, em Julho e já ninguém se recorda disso, tal como pouca gente mantém anotado que este processo de diálogo euro-asiático também tem a ornamentação de cimeiras (a nível de Chefes de Estado e/ou Governo) em cada dois anos – a próxima será já em Outubro, em Hanói, e as anteriores de que ninguém também se recorda foram em Copenhaga (2002), Seul (2000), Londres (1998) e Banguecoque (1996).
Mas indo ao que interessa e pondo um pouco de lado aquilo que rapidamente toda a gente se esquece, a utilidade deste processo ASEM (iniciado no remoto ano de 1996) para cada Estado Europeu e para cada Estado Asiático, precisamente e por paradoxo (sendo um processo multilateral) reside nos resultados que daí possam advir para os relacionamentos bilaterais. A Espanha percebeu isso há muito tempo, a França entendeu, a Holanda tirou partido, a Dinamarca potenciou e por aí adiante, enquanto Portugal, em vez de ter percebido, entendido, potenciado e tirado partido amoleceu as suas representações diplomáticas e consulares na Ásia, desarticulou aqui, levou tempo a reordenar ali (Xangai por Hong Kong, por exemplo), confundiu-se acoli (Filipinas), perdeu a todo o vapor em Banguecoque e também por aí adiante.
É também claro que, se Teresa Gouveia fez bem ao reunir-se hoje com o maior número possível de embaixadores da Ásia, os resultados diplomáticos e os resultados não-diplomáticos a jusante, só aparecerão se essa for uma prática continuada e não apenas uma cerimónia exótica.
Ver apontamento sobre este tema em Notas Formais.
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