06 maio 2004

Para o senhor António Costa e para o senhor Vasco Graça Moura.

Vejam.

Por todo o mês de Maio, o MNE francês, Michel Barnier e a Ministra delegada para os Assuntos Europeus, Claudie Haigneré, continuam a percorrer as diversas regiões de França para debates sobre a União Europeia. Amanhã, Bourges (casa da cultura, estudantes) e ainda Toulouse (emigrantes de toda a Europa e estudantes do Instituto Nacional de Ciências Aplicadas, Grandes Projectos Industriais e Europa das Tecnologias), 30 de Abril foi Lille (tema da Europa da cultura), 3 de Maio foi Estrasburgo (tema do alargamento), seguir-se-á Garges les Gonesses (tema da renovação urbana e cidadania), Avignon (tema da Europa do conhecimento), Poitiers (tema da Europa da juventude e da formação), Aurillac (tema da identidade territorial, serviços públicos e agricultura), Dunkerque (tema da emigração e cooperação transfronteiriça)... A movimentação francesa só de longe terá a ver com as eleições.

E em Portugal? Temos os estádios do Euro e o perigo das suiniculturas, a Casa Pia, a unha encravada do jogador Gronhó, o drama nacional do penúltimo da superliga, o Dinis Maria que já recitará Kant de cor e salteado, a 20.ª inauguração do Alqueva, o receio ministerial pelos fogos de Verão e o preso em casa. O debate da Europa de que os Portugueses pouco ou nada percebem passado o regabofe dos subsídios a fundo perdido que também todos fingem não perceber, está confinada aos solilóquios desses futuros eleitos a que com imensa piada chamamos eurodeputados. Se até o Director Geral dos Assuntos da União Europeia do Palácio das Necessidades se escusou a ir à Universidade do Minho falar do alargamento, não se pode exigir ao Secretário de Estado dos mesmos assuntos que imite, em Portugal, a sua equivalente francesa Claudie Haigneré e muito menos a Teresa Gouveia que, pelo País, faça um itinerário à maneira de Michel Barnier que até ao Freixo de Espada à Cinta francês vai.

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