22 setembro 2004

Jorge Sampaio. Diplomacia imprudente.

Jorge Sampaio.

Se há matéria que no quadro das relações de Portugal com Espanha, até agora, está por explicar, sem dúvida que é a da demarcação de fronteiras do Alentejo com a Extremadura. E está por explicar porque, nem Lisboa nem Madrid se decidem a resolvar de uma vez por todas a questão do território de Olivença, assunto que a diplomacia portuguesa outrora jamais deixou cair de forma clara e que hoje, de forma envergonhada, continua a afirmar que não caíu. A área do território de Olivença é apreciável e mete a área de Gibraltar na cova de um dente, matéria que, por sua vez, a Espanha não deixa cair perante o Reino Unido com argumentos que contradizem na forma e no fundo os argumentos que aduzem a propósito de Olivença.

As questões de Gibraltar e de Olivença estão no plano da argumentação diplomática interligados e no plano da argumentação política são obviamente indissociáveis, arrastando também as questões de fundo que se podem levantar a propósito dos territórios que a Espanha mantém encravados na mapa da soberania de Marrocos.

Quer isto dizer que o Território de Olivença, quer se queira ou não, é um problema e tanto que é problema que as fronteiras não estão demarcadas numa extensa faixa de contencioso e que não é invenção de agora.

Jorge Sampaio, como Presidente da República, deveria ser mais cauteloso ao lidar com os símbolos vivos da impedância espanhola. Melhor: devia ser rigorosamente escrupuloso numa matéria que a Chancelaria Portuguesa, e por certo um vasto leque da opinião pública portuguesa, considera que está longe de estar resolvida e para a qual não se vislumbra uma solução aceitável para os dois Estados tanto que nem sequer foi tentada através de negociações claras e transparentes.

Por ora, apenas dizemos: Jorge Sampaio não está a ser cauteloso e possivelmente está a ser imprudente ao, num jogo de condecorações e prémios, estar a lidar com uma matéria melindrosa das relações bilaterais e tão melindrosa que hiberna sendo a hibernação é o pior dos estados da matéria viva...

Continuaremos.

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